PALAVRAS DE VIDA:

"Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros!." 1 Pedro 4:10

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Motivação Errada.


Motivações erradas movem muitas pessoas que encontro por aí. Em nossas igrejas, muitos jovens desastrosamente ainda veem o dinheiro como principal motivação para a escolha de uma carreira. Ser rico não é e nunca será “a coisa mais importante do mundo”. Eis o conselho do Sábio:
“Não gaste suas forças tentando ficar rico; tenha bom senso! As riquezas desaparecem assim que você as contempla; elas criam asas e voam como águias pelo céu” (Pv 23.4,5).
Correr atrás de dinheiro é uma corrida sem chegada. Já reparou como nunca estamos satisfeitos com o que temos? Queremos sempre mais. Nenhum problema, dependendo do que estamos querendo. Passar a vida investindo tempo e inteligência para ganhar dinheiro, por exemplo, poderá trazer riqueza, mas certamente também trará uma sensação ruim de insatisfação, de ainda não estar bom, de ainda não ser o suficiente.
Quando a idade avança, as pessoas começam a se perguntar: “Valeu a pena?”, “ A que preço eu consegui tudo que tenho hoje?”, “De que me adiantou tanto dinheiro?”. Lembre-se de que profissão é algo a ser exercido todos os dias. Já pensou em como seria acordar sem vontade de ir ao trabalho e arrastar-se durante todo o mês pensando somente no salário?
“Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração” (Mt 6.19-21).
Muitas vezes, desejamos o carro novo, as roupas mais caras ou o celular mais moderno. Não há nada de errado em desfrutar de muitas dessas coisas, desde que elas não sejam o centro de nossa vida. A vida é muito valiosa para estar fundamentada em valores tão passageiros. Busque os valores eternos, aqueles que não se desfazem com o tempo. Concentre-se em sua essência: no ser, e não no ter.
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Jeverton “Magrão” Ledo é missionário, autor de “Minha Escolha Profissional — o que Deus tem a ver com isso?” (Editora Vida).

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Crescendo em Estatura, Sabedoria e Graça"


Como terá sido a infância de Jesus? A Bíblia não diz muito sobre isso. Um dos poucos episódios é aquele em que o menino, com 12 anos de idade, vai com a família à festa da Páscoa em Jerusalém e acaba ficando por lá. O desespero dos pais em sua procura contrasta com a tranqüila presença de Jesus no templo, onde, conforme o relato de Lucas, todos “ficavam maravilhados com o seu entendimento e com as suas respostas” (Lc 2.47). No final, ele faz um resumo significativo sobre o crescimento desse adolescente: “Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52). 
O evangelista junta diferentes dimensões da adolescência de Jesus e fala do seu crescimento diante de Deus e diante dos olhos humanos. Assim, sobre ele se poderiam ouvir comentários comuns à vida de qualquer criança ou adolescente: “Como você está adiantado para sua idade!”; “Nossa! Como esse menino cresceu!”... Mas também haveria comentários sobre uma “estranha intimidade” dele com Deus, na qual se começava a discernir um caminho de vocação que enriquece a vida e co-constrói a sociedade. É muito bonito perceber esse crescimento harmônico e integrado na vida do jovem Jesus. 
A fé cristã é assim. Ela envolve a pessoa por inteiro e afeta todas as áreas da vida. Ela é significativa, tanto para crianças como para idosos, tanto para o indivíduo como para a comunidade. Ela abrange tudo o que somos: nosso coração, envolvendo nossos sentimentos; nossos pés, determinando nossos caminhos de vida; nossas mãos, numa expressão de nossas habilidades artesanais e construtoras; nossos braços, expressando-se em acolhimento e abraço; e nosso conhecimento, como expressão da nossa capacidade de entendimento. 
Na história das missões modernas, por exemplo, vê-se bem como isso se corporificou. Apesar de todos os intentos civilizatórios que caracterizaram essa história, acontece a mobilização não somente do evangelista, mas também do médico, do enfermeiro, do agrônomo e do educador. Junto com a decisão de traduzir a Bíblia havia também o empenho por promover o crescimento integral das pessoas. Assim, na estação missionária, havia não somente uma igreja, mas também uma escola e um hospital.
 Hoje, como ontem, se vê a importância do crescimento integral. Um conhecimento que integre as diferentes dimensões da vida e que passe pela veia da educação, seja ela formal ou informal. Uma educação que ensine as letras, que ajude a descobrir o mundo, o outro e a si mesmo, e que se torne um instrumento central na construção da sociedade. O que aconteceu com Jesus — educado nas letras do Antigo Testamento* e aprendendo a ler, a conhecer a história do seu povo e a projetar a vivência da sua fé para dentro da sua realidade — precisa acontecer com os filhos do nosso tempo. 

Meta do Milênio 2 
Ao abordarmos a segunda Meta do Milênio — Educação básica e de qualidade para todos — nos sentimos absolutamente em casa, pois é exatamente para isso que a fé cristã nos empurra. É porque a fé busca o entendimento que queremos que todos conheçam o caminho das letras, entendam e participem da sociedade e encontrem nela caminhos dignos de vida, trabalho e construção social. 
O objetivo desta meta é que até o ano 2015 todos os meninos e meninas tenham acesso à educação básica e a completem. Neste particular o Brasil vai bem, e os dados do IBGE indicam que no final do século passado 96,9% das crianças de 7 a 14 anos estavam na escola. Nosso grande desafio é que, além de achar o caminho da escola, as crianças permaneçam lá e sejam alfabetizadas. O fato é que, de cada dez alunos que concluem a primeira série, apenas três estão alfabetizados de forma satisfatória. A não-alfabetização é a maior causa do abandono e da reprovação escolar nos primeiros anos do ensino fundamental. Alunos não alfabetizados são estigmatizados, têm a auto-estima comprometida e acabam abandonando a escola.
 Investir na educação é uma tarefa básica de governo; e ele precisa passar de 4% a 8% do PIB até 2011, para que até 2015 esse objetivo do milênio seja alcançado. Outras instituições, como a Visão Mundial, também precisam e investem na educação. Assim, para quem trabalha com crianças, a ida e permanência delas na escola é um indicador não só de um trabalho bem feito, mas de uma criança que se encaminha para uma vida digna e com sentido. 
As igrejas têm responsabilidade com a educação. Além de manter bons programas de “culto infantil” para os nossos filhos, devem expressar essa responsabilidade também num posicionamento na sociedade que busque proporcionar educação para todos. Não raro, isso passa pela criação de programas de educação, principalmente na periferia das cidades e nas áreas esquecidas da nossa sociedade. 
Além disso, é responsabilidade da nossa empresa missionária colocar o objetivo da educação no seu “kit ministerial”. Assim, o despertamento de educadores para o campo missionário nunca será esquecido e a educação será priorizada onde quer que formos. 

Alcançar esta “meta do milênio” é, pois, também a meta daqueles que abraçam a fé e são convidados e desafiados a crescer em sabedoria, estatura e graça. 

Nota 
* Em Deuteronômio 4.9, por exemplo, está escrito: “Apenas tenham muito cuidado! Tenham muito cuidado para que vocês nunca se esqueçam das coisas que os seus olhos viram; conservem-nas por toda a sua vida na memória. Contem-nas a seus filhos e a seus netos”. 


Valdir Steuernagel é pastor luterano e trabalha com a Visão Mundial Internacional e com o Centro de Pastoral e Missão, em Curitiba, PR. É autor de, entre outros, Para Falar das Flores... e Outras Crônicas

Extraído de: Revista Ultimato – Edição 308

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Plenitude da Espera.


Qualquer espera é dolorosa. A espera de um dia, a espera de sete dias, a espera de vinte anos... Quanto mais a espera de dois milênios!
Saul teve que esperar sete dias para se encontrar outra vez com Samuel para ser por ele devidamente orientado (1 Sm 10.8). Isaque e Rebeca esperaram 20 anos para se tornarem pais dos gêmeos Esaú e Jacó (Gn 25.19-26). Abraão e Sara esperaram 25 anos para se tornarem pais de Isaque (Gn 12.4; 20.5). O povo de Israel esperou 70 anos para regressar à sua própria terra, depois do cativeiro babilônico (Jr 29.10). Entre a profecia de Isaías a respeito de um menino cujo nome seria Conselheiro, Maravilhoso, Deus Poderoso, Pai Eterno e Príncipe da Paz (Is 9.5) e o nascimento de Jesus, a espera foi de no mínimo sete séculos.
Todavia, a plenitude da espera é a espera do Noivo. A espera começou no dia da ascensão de Jesus, quando dois homens vestidos de branco prometeram à igreja primitiva: “Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da mesma forma como o viram subir” (At 1.9-11). Essa espera já dura dois milênios, ou 20 séculos, ou 730 mil dias, ou 17 milhões e meio de horas. É uma espera extenuante. Até agora nenhum vigia deu o grito mais esperado da História: “O noivo se aproxima! Saiam para encontrá-lo!” (Mt 25.6).
Enquanto alguns já desistiram de esperar e dão outras interpretações à promessa dos dois homens vestidos de branco, muitos agarram-se cada vez mais a esta esperança e evitam reclamar por tão longa demora. Os pastores do rebanho aflito dizem: “A noite está quase acabando; o dia logo vem” (Rm 12.12). Há aqueles que justificam a plenitude da demora dizendo que ela é útil para alcançar também os retardatários, os que ainda estão ouvindo a mensagem e se apossando da bendita esperança (2 Pe 3.9).
Nessa espera, a noiva, que é a igreja, come do pão e bebe do vinho, e ouve vez após vez o oficiante da Ceia do Senhor repetir: — Façam isto “até que Ele venha” (1 Co 11.26).

Extraído de: Revista Ultimato – Edição 258

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Palavra Mais Solene do Mundo.


A palavra salvação é uma palavra muito solene. Por ser mencionada com freqüência pelos pregadores do evangelho ao redor do mundo e em todos os tempos, ela tem se tornado vulgar. 
O antônimo de salvação é perdição. Não há necessidade de salvação se não há perdição. Como, hoje em dia, a palavra perdição é por demais questionada, questiona-se também, obrigatoriamente, a palavra salvação. Questionando-se ambas as palavras, questiona-se toda a estrutura do cristianismo. Não havendo nem perdição nem salvação, obviamente não há Salvador. Jesus Cristo deixa de ser o que é — “Sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4.42) — e se torna um personagem simplesmente histórico. Se Ele não é o Salvador do mundo, a expiação realizada na cruz é lorota. Jesus deixa de ser o Salvador para ser um mártir, como Joana d’Arc ou Martin Luther King. 
Além de muito solene, a palavra salvação é muito ampla. Ela abarca a salvação da culpa do pecado, a salvação do poder do pecado e a salvação da presença do pecado. Diz-se que a salvação da culpa do pecado é a justificação do pecador por meio da fé; a salvação do poder do pecado é a santificação do pecador por meio da autonegação; e a salvação da presença do pecado é a glorificação do pecador por meio do novo corpo e dos novos céus e nova terra. Daí serem corretas as afirmações: fui salvo, estou sendo salvo e serei salvo. Salvos da culpa do pecado ontem, salvos do poder do pecado hoje e salvos da presença do pecado amanhã: salvação no passado, salvação no presente e salvação no futuro. 
A pregação do evangelho é o anúncio da salvação: Jesus salva o pecador da perdição, da condenação, do dia do juízo, das algemas eternas, do fogo eterno, das penas eternas, da morte eterna, do inferno ou do figurado lago de fogo e enxofre. Ele nos salva da separação definitiva e irreversível de Deus e dos que aceitam e experimentam a salvação. 
Hoje há uma distorção enorme do anúncio da salvação. Pregam-se salvação da enfermidade física, salvação do sofrimento, salvação da miséria, salvação da auto-imagem. Tudo isso pode estar embutido eventualmente na salvação do pecado, mas não é a salvação maior, projetada pela misericórdia e pelo amor de Deus. 
O anúncio da salvação confunde-se hoje com o convite de adesão a certo credo cristão (católico, ortodoxo ou protestante), a uma denominação evangélica (batista, presbiteriana, metodista, assembleiana, luterana, episcopal etc) e a um tipo de igreja (histórica ou tradicional, pentecostal ou carismática). Prega-se mais as virtudes de cada uma dessas expressões de culto do que as virtudes “daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9). É preciso saber se estamos enchendo as igrejas de salvos ou de adeptos desta ou daquela religião. Essa concorrência religiosa não pode esconder dos peca- dores o significado por demais solene e amplo da palavra salvação.


Extraído de: Revista Ultimato – Edição 255