PALAVRAS DE VIDA:

"Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros!." 1 Pedro 4:10

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Céu é Para os Outros.

Meus heróis não morreram de overdose. Estão bem vivos trabalhando ou morreram de morte morrida ou matada. Não se entregaram estupidamente a vícios sem sentido nem se rebelaram sem produzir nada.

Um destes heróis acabou de partir para o Senhor. Se chamava Alberto Graham. Não era bonito nem interessante. Falava esquisito em inglês e pior ainda em português sua terceira ou quarta língua. Vestia umas roupas espalhafatosas e deselegantes, e tinha uma maneira peculiar de andar balançando para os lados como um marinheiro.
Quando jovem recebeu um chamado de Deus para trabalhar com tribos indígenas. Se inscreveu com a esposa no Instituto Lingüístico de Verão. A missão Wycliffe treinava seus possíveis missionários no ILV, mas só aceitava aqueles que tivessem notas acima de 95%. Alberto era um cabeça torta conforme lhe explicaram os índios mais tarde. Ele não conseguia aprender. Foi-se um verão de estudos, foi-se o outro. No meio tempo trabalhava duro quebrando asfalto com britadeira. Não é a toa que a cabeça ficou torta. Fez o curso três vezes antes de passar.
Finalmente passou e foi trabalhar entre os Sateré-Mawé no baixo Amazonas. Já contei esta história antes, talvez tenha esquecido algum detalhe, o fato é que o Alberto conseguiu comunicar Jesus aos Sateré de um jeito que Jesus não se tornou nem estrangeiro nem esquisito e irrelevante. Jesus ficou próximo da cultura e da vida diária da tribo, e Alberto foi tomado como um profeta.
Profeta ele era mesmo e nunca se acomodou ao lugar comum. Quando eu o conheci já velho, ele era um crente diferente. Fazia amigos entre as pessoas de rua, não freqüentava igreja evangélica, ia numa sinagoga em Belém, diz ele que era pra fazer amigo, distribuía dinheiro pelas ruas a desconhecidos. Quando falava dos índios chorava como criança.
Alberto era livre. Conhecia o amor de Jesus que não se limita à religião. Mas esta liberdade ao invés de torná-lo um libertino o tornou um escravo de Cristo. Já aos 70 anos terminou o novo testamento Sateré (talvez uma das mais demoradas traduções do Brasil), e foi trabalhar em outra tribo, depois em outra. Alberto e Dona Sue sua esposa nunca pensaram que já tinham feito o suficiente. Eram simplesmente servos trilhando o caminho da obediência.
Há alguns dias atrás eu soube que o Alberto partiu. Me fez pensar na herança que deixou para todos os que o conheceram e no que talvez signifique para nós o fim de uma era. A nossa formação evangélica hoje nos educa para gozarmos a vida em Cristo, não para perder a vida com Ele. Muito jovens que acompanhei conseguem ir até a entrega, mas esperam nas emoções que sentem a força pra continuar. E as emoções vêem controversas, uma hora te estimulando a ir pra frente, na maioria das vezes te chamando pra trás.
Ouvi outro dia um hino adaptado por uma banda de rock cristã, era um daqueles hinos antigos que falam do céu. O céu é um lugar feliz onde está Deus. Muita gente se liga nas tais das ruas de ouro. Eu tenho ojeriza de pensar numa rua de ouro e muros de pedras preciosas. A metáfora é um tanto absurda que certamente não se refere a nada que conhecemos aqui na terra. Imagine a dificuldade de se descrever algo que nunca se viu antes. Ouro transparente foi o mais próximo que João conseguiu chegar. Mais importante que o esplendor pra mim seria o fato de que a cidade é pura luz, sem que haja nenhuma iluminação a não ser a luz do Cordeiro. Do Cordeiro não do Leão. Não há cantos escuros nela, não há esquecidos. A cidade também não fecha suas portas, nela não há segredos, ou exclusão e não há términos.
O conjunto jovem se deteve por vários minutos no refrão que enfatizava meu desejo pela cidade celestial. Não consegui cantar. O Alberto tinha morrido. Não quero a cidade pra mim. Não a desejo para me aliviar de minhas mazelas. A quero para os outros. Quanto tempo você cantaria se o hino dissesse que o céu é para os outros? Quero o céu para os excluídos, o quero para os que sofrem , o quero para os sem esperança. E por causa disto estou disposta a viver aqui o inferno. O inferno verde, o inferno de mosquitos o inferno de desconforto de décadas de dedicação aos mais pobres dentre os pobres. Foi-se Alberto para a cidade depois de 50 anos de inferno verde. Salve, herói da fé que entendeu que o meu inferno é céu dos outros.
  
Escrito por: Bráulia Ribeiro.
Extraído de: www.ultimato.com.br

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

À Procura.

Quando criança sonha-se com muita coisa. Paro nesta frase. Lembro-me, ao escrever esse “quando” inicial, de Paulo e de sua epístola aos coríntios: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.” Esses versos acompanham-me há alguns dias.
Venho caminhando, no pensamento e também fisicamente falando, refletindo no apóstolo e naquilo que em seu falar, sentir e pensar precisava ser esquecido. De fato, parece-me que há um esquecer – ou talvez seja melhor dizer um “desistir”, para sermos mais fiéis ao discípulo de Gamaliel – necessário ao amadurecimento. Diante de um mundo exigente – da urgência imposta ao jovem de se aperfeiçoar nos mais diversos campos do saber e, ao mesmo tempo, da experiência que lhe é cobrada em cada um deles -, é preciso crescer e deixar um pouco de lado o universo infantil e suas fantasias.
Mas o que Paulo tem a ver com tudo isso? – podemos nos perguntar. Pode parecer descontextualizado demais querer trazer o trecho de sua carta para a experiência de um jovem contemporâneo. Penso que não. Ainda que as épocas não coincidam, há sentimentos que continuam sendo universais, há momentos que são (ou ao menos precisariam ser) marcantes. O menino e o homem, por exemplo, separam-se na fala do apóstolo. Duas fases distintas. Consigo visualizar os dois pontos, mas onde está a passagem entre eles? Que as fantasias e o universo infantil fiquem na gaveta, certo. Certo?
Alfineta-me o pensamento, sem que eu mesma queira, a fala de Cristo: “Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele.” Numa avalanche de questões, então, continuo. Como será isto: o reino é para as crianças e o mundo para os adultos? Sim, todos sabemos: o coração é que precisa ser de uma criança! Entrelaçam-se, no entanto, e convenhamos, vivência e sentimento. Para o jovem, a passagem entre os tais dois pontos ainda está sendo feita. Almeja-se a todo tempo o falado equilíbrio entre o que se sonhou e o que se deve ser. Eis a grande tarefa: não deixar a criança brigar demais com o adulto e o adulto não chorar tanto por não ser mais criança.
Quanto aos sonhos, o melhor é submeter-se sempre à soberana vontade do Rei, que os tem mais altos que os nossos, guardados consigo. Por vezes eles se encontram com os nossos deveres e tudo é só uma questão de tempo. Às vezes, no meio do caminho, há uma pedra. Em outras, uma pérola. Esperar deste texto uma resposta? Ele está à procura, como bem se anunciou. É ainda jovem… O bom mesmo é andar com Jesus, conhecedor de todas as fases e tempos e, ao mesmo tempo, Deus te toda a eternidade.

Mariana Furst tem 29 anos é mestre em teoria literária, professora de francês e estuda no Centro Evangélico de Missões.
Extraído de: Ultimato Jovem – Seção: Altas Devocionais.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Entre Palavras Ditas e Palavras Ouvidas.


Quando pronunciamos palavras, temos sempre a opção entre sermos fonte de boas coisas ou de coisas ruins para aqueles que nos cercam.

Nossas vidas são construídas pelas opções que fazemos nas inúmeras bifurcações com as quais nos deparamos ao longo da jornada. Optamos por fazer determinado curso universitário e não um outro, por exemplo. Consequentemente, desenvolvemos amizades com certas pessoas, e não com outras, e frequentamos determinados lugares em detrimento de outros. Depois de formados, aquela rede de relacionamentos que formamos podem nos levar a trabalhar em determinadas empresas, e não em outras.
Mas nossas vidas não são construídas apenas pelas opções que fazemos. As palavras que ouvimos também entram nesse processo. Palavras influenciam grandemente nossas escolhas ao longo do caminho, e o que ouvimos ecoam dentro de cada um de nós. Palavras têm o poder de nos mover aos lugares mais altos da vida; podem, por outro lado, nos levar a situações de tristeza, escuridão e crise. Assim, uma conversa com o filho pode determinar seu sucesso futuro; um elogio recebido do chefe pode mudar a disposição e o futuro da carreira de um profissional; e um conselho de amigo pode resultar na restauração de um casamento.
Palavras de carinho da mulher para seu marido podem mudar seu ânimo diante da adversidade. E até mesmo um frase despretensiosa, dirigida a uma pessoa numa roda de amigos, pode fazer grande diferença àquele que a recebe. Porém, palavras podem ter efeitos negativos. Uma crítica feita em momento inapropriado pode levar ao abandono de uma vocação; uma difamação pode levar à destruição de uma carreira ou de uma família; comentários levianos podem semear intrigas e sabotar amizades desenvolvidas ao longo de anos. Por isso, precisamos reconhecer que palavras têm grande poder – tanto para gerar as coisas mais positivas como as mais negativas numa pessoa.
Quando pronunciamos palavras, temos sempre a opção entre sermos fonte de boas coisas ou de coisas ruins para aqueles que nos cercam. E tais efeitos podem determinar escolhas definitivas na vida daqueles que ouvem. Certas vezes, não nos encontramos na posição daqueles que proferem as palavras, mas sim, na daqueles que as escutam. Queiramos ou não, somos constantemente alvo das palavras alheias, e não temos qualquer controle sobre elas, muito menos sobre o conteúdo do que dizem a nós ou sobre nós. Palavras, simplesmente, vêm ao nosso encontro, alcançam nossas mentes e corações, gerando efeitos positivos ou negativos em nossos sentimentos e opções ao longo da vida.
Certo amigo de muitos anos é um especialista em gerar coisas boas através de suas palavras. Ele teve importante participação em meus primeiros anos como pastor de uma comunidade local. Com suas palavras, ele sempre encontrava uma forma de fortalecer minha confiança e valorizar a forma como atuava. Mas, paralelamente aos elogios, não me poupava das criticas necessárias. Pelo contrário – sempre dizia, com muita franqueza e assertividade, o que considerava errado em minhas atitudes, além de pontuar meus erros com clareza. A maneira como ele usava as palavras fez de mim uma pessoa melhor.
Recentemente, contudo, vivi situação oposta. Alguém proferiu palavras que me levaram a uma tristeza tão grande que cogitei a possibilidade de abandonar todo um ministério de 25 anos. Por quê? Porque aquelas palavras desvalorizavam tudo o que tenho feito. Não foi uma crítica construtiva, pois nem mesmo a mim as palavras foram dirigidas: tratava-se de um conjunto de leviandades e questionamentos sem qualquer amor, com propósito maior de intimidar, ferir, destruir – e por muito pouco tal propósito não foi alcançado.
Mas a sabedoria cristã aponta noutra direção. Através de Tiago, as Escrituras nos aconselham a sermos prontos para ouvir, tardios para falar e mais tardios ainda para nos irar, pois nossa ira não traz à tona a justiça de Deus, conforme Tiago 1.19. Logo, precisamos submeter as palavras que ouvimos à justiça de Deus. Isso significa que a última palavra acerca de quem somos ou fazemos vem do Senhor. Ele deve ser a maior fonte de influência em nossas escolhas.
Diante do grande poder das palavras, que tal resgatar o silêncio em nossas vidas? A quietude nos ajuda a discernir as palavras que devem ser ditas, que produzirão o bem para os outros, e palavras que não merecem ser proferidas. Mas o silêncio também nos ajuda a ouvir a voz daquele que é justo e verdadeiro, mostrando-nos claramente o que devemos acolher e o que devemos simplesmente dissipar de tudo quanto ouvimos.

Ricardo Agreste.
Extraído de: www.cristianismohoje.com.br

domingo, 12 de agosto de 2012

Chamados Para Estar com Jesus.


Os Evangelhos retratam, com muita clareza, Jesus chamando um grupo de discípulos para estar com ele, aprender com ele e seguir o caminho da vivência e sinalização do reino de Deus. Os discípulos são muito reais e muito diferentes entre si. Uns vêm da indústria pesqueira; outro é coletor de impostos; outro é um zelote, espécie de revolucionário da época. Seus nomes são mencionados com detalhes: “Simão, a quem deu o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que significa “filhos do trovão”; André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote; e Judas Iscariotes, que o traiu” (Mc 3.16-19).
O registro minucioso dos nomes dos discípulos é significativo e reflete uma tradição muito antiga da fé cristã que aponta para a realidade de que Deus tem conosco, e nós com ele, uma relação pessoal. O profeta Isaías expressa isso de forma belíssima ao transmitir-nos estas palavras de Deus: “Não tema, pois eu o resgatei; eu o chamei pelo nome; você é meu” (Is 43.1). Ao chamar-nos pelo nome, Deus revela e usa sua própria natureza -- uma natureza de amor relacional, em que cada pessoa é importante e cada situação de nossa vida recebe dele atenção particular.
É o que acontece na formação do grupo dos apóstolos. Cada um deles tem nome e pelo nome é chamado por Jesus. Cada um tem uma história e com esta é chamado para integrar o círculo dos discípulos. Cada um tem suas lutas e expectativas, e estas são restauradas e transformadas a partir do encontro com Jesus e da permanência ao lado dele. Ainda hoje é assim. Pelo nome, somos chamados a seguir Jesus e pelo nome somos convidados e desafiados a estar e andar com ele até o fim dos nossos dias. O discipulado é um longo caminho de amor e serviço, no qual nossa vida é restaurada e transformada para a glória de Deus. O serviço ao outro confere significado à nossa própria vida.
Os Evangelhos trazem detalhes da escolha dos Doze. Conforme Lucas, tudo começa com oração (Lc 6.12-16). É como se o ato de reunir o grupo de discípulos fosse tão importante que Jesus precisasse passar um longo tempo conversando com o seu Pai. É significativo ver a relação entre esse tempo de oração, o chamado dos discípulos e a própria razão pela qual eles são chamados, como relata o evangelista Marcos:
“Jesus subiu a um monte e chamou para si aqueles que quis, os quais vieram para junto dele. Escolheu doze, designando-os apóstolos, para que estivessem com ele, os enviasse a pregar e tivessem autoridade para expulsar demônios.” (Mc 3.13-15)
Eu confesso que passei muitos anos sem perceber que a primeira razão pela qual Jesus chamou os discípulos foi “para que estivessem com ele”. Venho de uma tradição ativista e verbal em que seguir a Jesus significa envolver-se na pregação da Palavra. O importante é manter-se ativo e ocupar-se com o anúncio do evangelho até os confins da terra. Aprender a entender que Jesus nos chama “para estar com ele” tem sido uma caminhada significativa e difícil. Difícil porque sempre acabo achando que a relação com Jesus é operacional; que ela é melhor na medida em que “faço” mais coisas para ele e em seu nome. Significativa porque vou descobrindo que o ativismo gera muita superficialidade e pouca relação, e que não é isso que Jesus deseja. O que Ele quer é construir conosco uma relação de intimidade e significado, onde estar com Jesus vale mais do fazer coisas para Ele e em nome dEle.
Aquela noite que Jesus passou em oração foi uma noite com o Pai. Melhor ainda, foi uma noite de profunda comunhão na Trindade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo estavam juntos, queriam estar juntos e, para isso, não precisavam de nenhuma agenda de atividades. Eles simplesmente queriam estar um com o outro. Nós que viemos de uma tradição ativista e operacional temos muito a aprender com o fato de Jesus nos chamar “para estar com ele”. Não creio que ele tenha ido ao encontro do Pai, naquela noite, com uma lista de nomes a serem politicamente negociados. Também tenho dificuldade em acreditar que ele tenha ido com o objetivo de extrair do Pai o maior número possível de concessões, visando uma campanha ministerial próspera e bem engrenada. Ele passou a noite em comunhão com o Pai e o Espírito, no desejo de alimentar sua comunhão com eles e deixar que esta nutrisse e norteasse a sua convivência com o grupo de discípulos vindos de diferentes histórias, mas chamados para uma experiência única de vivência do reino de Deus.
Não importa quantos anos de discipulado tenhamos, é preciso lembrar que Jesus nos chama a aprender com ele o significado de estar com ele. Estar -- sem agenda e sem atividades. Estar para descansar, estar para ser consolado, para ser reorientado. Estar para estar. É muito bom descobrir isso!
No memorável encontro na casa de Maria e Marta, fica claro o que significa ser chamado para estar com Jesus. Enquanto Marta está ocupada com mil coisas, movida por uma grande necessidade de ser uma boa hospedeira para o Mestre, Maria senta aos pés dele, e sua atitude é reconhecida como a melhor escolha. Jesus diz que “Maria escolheu a boa parte” e que esta não lhe será tirada (Lc 10.38-42).
Esta “boa parte” está reservada também para nós, e o caminho para ela é aprender a estar com Jesus.

 Valdir Steuernagel é pastor luterano e trabalha com a Visão Mundial Internacional e com o Centro Pastoral e Missão, em Curitiba, PR. É autor de, entre outros, Para Falar das Flores... e Outras Crônicas.
Revista Ultimato – Edição 316

sábado, 11 de agosto de 2012

"Bem Supremo" - Ministério Intimidade.

                                                  Ministério de Louvor Intimidade
                          louvando no Culto de Aniversário do Ministério de Homens
                                                           (04 e 05/Agosto/2012).

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

"Videira" - Ministério Intimidade.

                                                   Ministério de Louvor Intimidade
                          louvando no Culto de Aniversário do Ministério de Homens
                                                           (04 e 05/Agosto/2012).