PALAVRAS DE VIDA:

"Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros!." 1 Pedro 4:10

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Reforma Protestante.

A Reforma Protestante foi muito mais do que um movimento religioso. Em 31 de outubro de 1517, oficializou um estilo de vida. Naquela época a igreja institucionalizada estava sobrecarregada de erros que não poderiam continuar. Algo teria que acontecer!
Práticas religiosas como a oração pelos mortos, missas celebradas de costas para o povo, adoração de imagens, canonização dos santos, adoração da Virgem Maria, legalização da penitência por dinheiro, dogma da virgindade perpétua de Maria e sua ascensão e, sobretudo, o abandono das Escrituras Sagradas deveriam ter fim.
Aprouve ao Espírito Santo de Deus usar o monge agostiniano Martinho Lutero (1483-1546) para protestar em meio a tanto desfio da fé bíblica. A iluminação na mente daquele conceituado professor universitário o fez entender que a salvação é pela fé em Cristo Jesus, que as Escrituras Sagradas estão acima da tradição religiosa e que todos devem ter liberdade de consciência.
Mas, a Reforma Protestante não foi apenas uma questão religiosa foi, também, uma questão econômica e educacional. Com o ensino sobre “vocação”, as pessoas aprenderam que Deus também vocaciona e capacita as pessoas para exercerem funções não religiosas. Deus é quem capacita o médico, o jurista e outros. Tal concepção contribuiu para mudar a vida econômica na Europa. Trabalhar, ganhar dinheiro não mais precisaria ser interpretado como algo condenável.
A influência da Reforma Protestante na área educacional foi ainda mais convincente. Naquela época, os filhos deveriam trabalhar e não estudar. O sonho dos pais não era outro a não ser ver seus filhos indo para o mosteiro, seguirem a próspera carreira sacerdotal. Matinho Lutero ensinou a universalidade do saber. A educação é para todos, anunciou o reformador. Os pais deveriam enviar os filhos à escola e, se não o fizessem, estariam pecando contra Deus. O Estado deveria providenciar os meios para que todos tivessem acesso ao saber. Os professores deveriam ser bem preparados e bem remunerados.
A Reforma Protestante contribuiu para mudanças religiosas, econômicas e educacionais. O conhecimento e a prática das Escrituras Sagradas têm o poder de gerar mudanças profundas na vida de um indivíduo e da sociedade.
Nesta data em que comemoramos o DIA DA REFORMA PROTESTANTE questionamos se, de fato, tal movimento faz parte de nossa religiosidade, economia e educação. Vivemos em meio a um sincretismo religioso que nos remete às praticas religiosas da Idade Média.
Há uma expectativa de que Deus levante homens e mulheres para promoverem o bem comum. Pessoas que recebam de Deus o chamado para, em diferentes funções, exercerem o ministério sagrado. Ansiamos para que Deus “visite sua vinha” e promova um verdadeiro avivamento no meio do seu povo, onde a crendice daria lugar à fé, os escritos meramente humanistas dariam lugar à Bíblia Sagrada e, o estrelismo e personalismo dariam lugar à piedade. Que venha a reforma!

Rev. Ricardo Mota é secretário executivo da Apecom - Agência Presbiteriana de Evangelização e Comunicação.

domingo, 28 de outubro de 2012

A Necessidade e o Desejo.


O filósofo francês Paul Ricoeur chamou-os de mestres da suspeita. Eles tinham em comum uma análise muito crítica da religião; viam Deus como uma necessidade criada por nós, e não como um ser pré-existente, a partir do qual tudo se fez. Cada um ao seu modo, eles previam a emancipação da raça humana a tal ponto que cada indivíduo tornar-se-ia autônomo! Marx via na revolução social uma promotora de radical igualdade. Seria a libertação desta idéia de Deus, gestada justamente por um proletariado socialmente carente de algo capaz de lhes dar aquilo o que a realidade lhes negava. Já Freud entendia a maturidade psíquica como o elemento-chave para a superação desta infantil necessidade de um Pai divino. Por sua vez, Nietzsche enfatizava o fato de assumirmos plenamente a nossa humanidade, tomando as rédeas de nosso próprio destino. Assim, haveria super-homens, livres desta primitiva necessidade do divino.
Obviamente, não concordo com as suspeitas desses mestres. Porém, algumas vezes, sou tentando a encontrar uma dose de razão em suas afirmações. Isto porque já vi pobres piedosos perdendo sua devoção a Deus na mesma medida que subiam de classe social; vi também desempregados numa busca frenética pelo socorro do Senhor, mas que, uma vez colocados no mercado, tornaram-se pessoas tão ocupadas que suas agendas não têm mais espaço para alimentar a busca de outrora; e presenciei a experiência de gente que, quando emocionalmente carentes, mergulharam numa forte dedicação espiritual – porém, depois de se “resolverem” afetivamente, afastaram-se de Deus. Isso, sem falar naqueles decepcionados com a “incapacidade” divina de resolver suas complicadas vidas, que melhoraram quando eles mesmos resolveram assumir o controle.
Infelizmente, os mestres estão certos quando afirmaram que por trás da nossa relação com Deus reside, sim, uma necessidade de criá-lo à nossa imagem e semelhança. A honestidade comigo mesmo me impõe o dever de reconhecer uma tendência de tratar a Deus como uma necessidade. A consequência natural disso é transformá-lo em um mero provedor das nossas demandas – como o entregador de pizza que, uma vez atendido nosso pedido, pode ser dispensado. Acontece que, na intimidade relacional de Jesus com o Pai, aprendemos definitivamente que Deus deve ser o sujeito do nosso desejo, e não o objeto de nossa necessidade. Em Jesus, Deus que se revela no Antigo Testamento como Javé, o intocável e inatingível; mais tarde, é renomeado e chamado de Abba. De Todo-poderoso a paizinho querido; de Senhor inalcançável a cúmplice mais presente na nossa existência.
O desejo, como sabemos, está para além da mera necessidade. No desejo, há o prazer do encontro com o desejado. Eis a razão pela qual Deus se apresenta a nós como aquele que nos quer seduzir o coração, e não como alguém a satisfazer nossas necessidades.  Quando se fez humano em Jesus de Nazaré, o Criador quis se aproximar de nós, pois sabia que o primeiro passo da conquista é a aproximação do ser amado. Ele quer quebrar nossas resistências, nossa natural alienação, e anseia por ver nosso coração tomado por sua doçura. Quando ouvimos e atendemos seu suave chamado, ele entra para cear conosco. Olha para dentro de nós e vê o que não somos capazes de enxergar em nós mesmos: nosso caos interior, as manchas profundas do pecado em nossa alma. E, apesar disso, não nos rejeita! Quando então, rendidos por seu amor, abandonamos as fronteiras do nosso egoísmo e nos entregamos em seus braços, nasce desse encontro uma relação de amor e amizade alicerçada no desejo mútuo de estar juntos.
Se continuarmos pensando a nossa relação com Deus em termos de necessidade, e não de desejo, terminaremos por ter que nos render ao fúnebre diagnóstico dos mestres da suspeita. Mas, quando nós o desejamos mesmo que nossas necessidades não sejam atendidas, então se cumpre aquilo que tão bem descreveu a teóloga cristã Maria Clara Bingmemer: “O que é certo é que homens e mulheres de hoje, como os de todo tempo, continuam a experimentar o drama de sentir-se limitados e frágeis e, no entanto, feitos para a união com aquele que não tem limites.  E, no fundo mais profundo de si próprios, se percebem habitados pelo desejo ardente e incontrolável  de entrar em comunhão com esta incompreensível realidade que se chama sagrado – a qual, devido ao fato de ser incompreensível, não é sentida como menos real (...)  O amor passa, então, a governar suas vidas e a transformá-las segundo a inexorabilidade e a radicalidade de sua vontade”.

Escrito por: Eduardo Rosa
Extraído de: www.cristianismohoje.com.br

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Força na Fraqueza.


Paulo fez uma afirmação difícil de entender, e mais difícil ainda de aplicar na nossa vida: "Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte" (2 Coríntios 12:10). Atrás dessas palavras enigmáticas encontramos algumas lições importantes e edificantes. Vamos procurar entender o que Paulo disse e como aplicar esse ensinamento quando enfrentamos dificuldades.

Paulo sofreu de algum espinho na carne
Ele disse: "E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi_me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim." (2 Coríntios 12:7-8).
Algumas pessoas gastam muito tempo especulando sobre o espinho na carne. O fato é que Paulo não revelou o que foi, e ninguém hoje sabe. O que importa não é a natureza do espinho, mas a maneira que Paulo o encarou. Observe estes fatos em 2 Coríntios 12:7-9: Paulo reconheceu Satanás como a fonte do problema. Ele disse que o espinho era "mensageiro de Satanás". Por que Satanás mandaria um mensageiro a Paulo? Sabemos muito bem que o diabo quer a nossa ruína. Ele quer nos devorar como leão que ruge (1 Pedro 5:8). Na vida de Paulo, como na vida de bilhões de outras pessoas, Satanás usou o sofrimento para tentar derrotá-lo.  Deus usou aquele espinho e recusou tirá-lo da vida de Paulo. Aqui aprendemos uma coisa importante sobre os males da vida. Deus não causou o sofrimento no mundo, e ele não nos tenta (Tiago 1:13). Muitas vezes, ao invés de tirar os problemas das nossas vidas, ele os utiliza para o nosso bem. Deus amou Paulo, mas ele não o poupou de todo sofrimento. Jamais devemos interpretar problemas como sinais do desprezo de Deus. Ele pode usar calamidades para castigar os ímpios, mas, ele também permite tribulações na vida de seus filhos (Hebreus 12:5-11).

Como Deus usou o sofrimento de Paulo
Quando Deus recusou tirar o espinho da vida de Paulo, ele ofereceu  esta explicação: "A minha graça te basta, porque o poder se   aperfeiçoa na fraqueza" (2 Coríntios 12:9). A graça contradiz o merecer. Se Paulo, no passado, se julgou auto-suficiente, ele não continuou assim (veja Filipenses 3:4-11). Nas tribulações, ele aprendeu depender da graça do Senhor. Quando sentimos que temos tudo sob controle por causa da nossa própria capacidade, facilmente esquecemos de Deus. Nas horas de maior fraqueza, quando sentimos incapazes de resolver os nossos problemas sozinhos, tendemos a voltar para Deus e nos entregar à poderosa mão dele. Nossa inteligência não nos basta. Nossos recursos financeiros não nos bastam. Nossos amigos não conseguem preencher as nossas necessidades. A graça de Deus nos basta, e o poder dele se manifesta através da nossa fraqueza. É exatamente isso que Paulo entendeu: "De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo" (2 Coríntios 12:9).

Como Paulo usou seu próprio sofrimento
As palavras de Paulo em 2 Coríntios 12:10 são impressionantes,  refletindo uma maturidade espiritual que poucos alcançam: "Pelo   que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte." Ele sentia prazer no sofrimento! Será que nós sentimos a mesma coisa? É comum sentir pena de si, ou amargura, ou profunda depressão, mas sentir prazer? O comentário de Paulo não trata de alguma prática louca de autoflagelação, mas de sua capacidade de confiar plenamente no Senhor. Ele entendeu que o sofrimento nos oferece oportunidades para aproximar mais de Deus, e Paulo aproveitou tais oportunidades ao máximo. Da mesma forma que a pessoa que pratica ginástica ou musculação pode sentir prazer no esforço e sofrimento da malhação, visando os resultados em termos da saúde física, Paulo sentia prazer nas angústias da vida, tendo em vista os resultados de crescimento espiritual e do galardão eterno. Tiago falou a mesma coisa: "Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes" (Tiago 1:2-4).
Paulo explica seu prazer em dois sentidos: "...por amor de Cristo". Quando Paulo admitiu sua própria incapacidade, ele deixou Cristo tomar conta da vida dele. Como Cristo morreu para nos dar vida, nosso velho homem morre para dar lugar para Jesus viver: "Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gálatas 2:19-20). Jesus aceitou a "fraqueza" da sua forma humana para se entregar por nós. É somente quando aceitamos a nossa própria inadequação que temos condições de nos entregar a Cristo.  "Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte". Quando Paulo confiou plenamente em Cristo, se esvaziando do orgulho e da idéia de ser autônomo, ele ganhou força bem maior. Cristo vivendo em Paulo era infinitamente mais forte do que Paulo sozinho.

Como nós usamos o sofrimento?
Considere as palavras que Paulo usa em 2 Coríntios 12:10. Como você reage aos mesmos desafios na sua vida? Paulo enfrentou:
Fraquezas. Você se sente incapaz de enfrentar algumas fraquezas (problemas, tentações vícios, etc.)? Essas fraquezas devem servir de convite para permitir Jesus reinar na sua vida.
Injúrias. Você foi maltratado ou ofendido por outros? O diabo quer usar suas injúrias como motivo de ódio, vingança e blasfêmia. Mas Deus quer que você fique forte, usando essas injúrias como oportunidade para crescer.
Necessidades. Você enfrenta grandes dificuldades financeiras? Não sabe como resolvê-las? Nada melhor que a fome para tornar o homem dependente de Deus. Jesus deu este desafio: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal" (Mateus 6:33-34). Pessoas que nunca conheceram a pobreza têm dificuldade em entender esse princípio. Quando temos geladeiras abastecidas e armários cheios de alimentos, é difícil imaginar a circunstância que Jesus descreve. Esse é, sem dúvida, um dos motivos que poucos ricos são convertidos a Cristo (1 Coríntios 1:26-29; Marcos 10:23-25).
Perseguições. Quando sofremos por causa de Cristo, é o momento de desistir ou de ficar mais firmes que nunca? Muitas pessoas egoístas justificam sua desistência porque não querem sofrer. Mas os discípulos verdadeiros imitam o exemplo dos cristãos hebreus: "Lembrai_vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados, sustentastes grande luta e sofrimentos; ora expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio quanto de tribulações, ora tornando_vos co_participantes com aqueles que desse modo foram tratados. Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável.... Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma" (Hebreus 10:32-34,39). Falando de perseguições, devemos lembrar que fazem parte da vida do cristão. Paulo usou uma palavra bem abrangente para frisar esse fato: "Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2 Timóteo 3:12). Nenhum servo do Senhor tem imunidade da perseguição.
Angústias. A palavra usada aqui vem de uma raiz que descreve lugares estreitos ou apertados. Muitas pessoas sofrem de claustrofobia. Quando se encontram em lugares apertados e fechados sentem-se desesperadas. Espiritualmente, muitos reagem da mesma forma. Quando se vê em apuros, como você reage? Abandona os princípios de Deus e age de uma forma errada no desespero? A única saída é aceitar o fato que você é incapaz de sair do problema sozinho. Temos que reconhecer a necessidade da graça de Deus, para aceitar o resgate que ele nos oferece. "Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus" (Filipenses 4:6-7).

Conclusão
Os servos do Senhor sofrem nessa vida. Enfrentamos perseguições, angústias, fraquezas, necessidades, etc. Da mesma maneira que Deus recusou tirar o espinho de Paulo, ele pode deixar qualquer um de nós em circunstâncias difíceis e desagradáveis. Quando nos encontramos nessas situações, vamos ter a fé e a coragem que Paulo mostrou para aproveitar a oportunidade e crescer espiritualmente. Quando nos entregamos a Cristo, encontramos a graça e a força verdadeira.

Escrito por: Dennis Allan
Extraído de: www.estudosbiblicos.net    

terça-feira, 23 de outubro de 2012

No Volume Mais Alto.

Então alguns mestres da Lei [...] se levantaram e protestaram. (23.9b)

A Bíblia fala tanto em gritaria que se poderia escrever uma teologia do grito. Todos gritam: o homem e a mulher, o crente e o não-crente, os anjos e os demônios, o indivíduo e a multidão, os atalaias e os profetas. Até a sabedoria grita: “A sabedoria está no alto dos morros, na beira da estrada e nas encruzilhadas dos caminhos; está na entrada da cidade, perto dos portões, gritando: ‘Eu estou falando com todos vocês e faço um pedido a todos os moradores da terra’” (Pv 8.2-3). Até Jesus grita: “Às três horas da tarde, Jesus gritou bem alto: “Eli, Eli, lamá sabactani” (Mt 27.46). O último som saído da boca do Senhor foi um grito: “Aí Jesus deu outro grito e morreu” (Mt 27.50).

A Bíblia menciona até a altura dos gritos. Depois de rodear a cidade de Jericó por sete dias e depois das seis voltas do último dia, Josué, os sacerdotes e o povo gritaram com toda a força e as muralhas da cidade caíram (Js 6.20). Mentindo ao seu marido a respeito de José, a mulher de Potifar disse-lhe: “Ele entrou no meu quarto e quis ter relações comigo, mas eu gritei o mais alto que pude” (Gn 39.14). Pouco antes da invasão da Babilônia, o povo de Israel recebeu a seguinte ordem: “Gritem bem alto e bem claro” (Js 4.5). Depois de ver “as coisas nojentas que o povo de Israel estava fazendo”, o próprio profeta Ezequiel registra: “Aí ouvi o Senhor dizer em voz bem alta...” (Ez 9.1).


O comandante e Paulo devem ter ficado impressionados com o que viram e ouviram durante a reunião extraordinária do Sinédrio. Numa única sala do templo, algumas dezenas de saduceus e fariseus gritavam cada vez mais alto uns com os outros por causa da ressurreição dos mortos, graças à provocação de Paulo.

Retirado de Refeições Diárias — No partir do pão e na oração (Editora Ultimato 2011)

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Os Semeadores do Trigo e os Semeadores do Joio - um atrás do outro.


A palavra de Jesus tem de ser levada a sério. Ele é o Senhor da seara e o Senhor da Igreja. Ele conhece o passado, o presente e o futuro. Conhece a serpente de Gênesis e o dragão de Apocalipse.
 A certa altura de seu ministério terreno, Jesus entrou em um barco à margem do lago da Galileia, sentou-se e contou a parábola do joio. Nessa parábola, ele denuncia o inimigo sem nome que se aproveita do sono daqueles que de dia semearam o trigo. O inimigo semeia no mesmo campo outra semente, a semente do joio, cuja planta não produz nada prestável, senão lenha para o fogo. Por meio desta pequena e simples parábola, Jesus explica como será a história do anúncio do evangelho. Enquanto o tempo da parúsia não chegar, haverá sempre duas semeaduras praticamente simultâneas: a semeadura da boa semente (o trigo) e a semeadura da dúvida, dos equívocos e da confusão (o joio). Jesus queria que todos soubessem disso e interpretassem a história do cristianismo por esse prisma.
 Excelentes semeadores do trigo, a começar por Paulo, espalharam a boa semente em todo o continente europeu -- da Península Ibérica ao mar Cáspio e dos países mediterrâneos aos nórdicos. E se a Europa hoje está cheia de templos cristãos que já não são usados para louvor e adoração, mas para atrair turistas, isso se dá, em última instância, porque excelentes semeadores do joio seguiram o rastro e o itinerário dos semeadores do trigo e depositaram no campo a má semente.
 Os semeadores do trigo são aqueles que pregam o evangelho puro e simples. Aqueles que espalham as boas notícias em torno do nome de Jesus. Aqueles que não escondem nem omitem a eternidade de Jesus (“o Verbo estava no princípio com Deus” e “sem ele nada do que foi feito se fez”), o nascimento virginal de Jesus (“O Verbo se fez carne”), a morte vicária de Jesus (“Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”), a ressurreição de Jesus (“Não era possível que ele fosse retido pela morte”), o triunfo de Jesus (“Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome para que diante dele se dobre todo joelho e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor”) e a volta de Jesus (“Todos verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória”) (Jo 1.1, 29; At 2.24; Fp 2.9-11; Mt 24.30).
Os semeadores do joio são aqueles que negam que Jesus é o Cristo divino (1Jo 2.22). Aqueles que diminuem a glória e o poder do Criador e aumentam a glória e o poder da criatura. Aqueles que tiram Deus do centro e do altar para se colocarem ali. Aqueles que humanizam a pessoa divina e divinizam a pessoa humana. Aqueles que despem o ser humano do seu conteúdo metafísico espiritual e contemplativo e o deixam em um vazio insuportável. Aqueles que cavam cisternas rachadas e enchem de terra os rios de água viva. Aqueles que constroem uma antropologia secular, uma hamartiologia secular, uma cristologia secular, uma soteriologia secular e uma escatologia secular. Aqueles que pregam uma liberdade sem sabedoria, sem virtude e sem Deus. Aqueles que apresentam um Deus sem ira, um homem sem pecado, um reino sem julgamento e um Cristo sem cruz, como denunciou o teólogo H. Richard Niebuhr (1894–1962).
Graças a esses semeadores do joio, o ideal de cristandade que havia predominado na Europa por quase um milênio e meio tem arrefecido. No auge da Revolução Francesa (1789–1799), a Catedral de Notre Dame recebeu um novo nome: Templo da Razão. Pouco tempo depois, em menos de trinta anos, duas biografias de Jesus questionaram o Jesus da Bíblia: em 1835 foi a vez de “Leben Jesu”, do alemão David Strauss 
(1808–1874) e em 1863, de “La vie de Jésus”, do francês Ernest Renan (1823–1892).
 A nota alvissareira é que, no auge dessa confusão, o pouco conhecido semeador do trigo Edward Perronet (morto em 1792) publicou, em abril de 1780, na revista “Gospel Magazine”, o hino talvez mais solene sobre a glória devida a Jesus:

Saudai o nome de Jesus! / Arcanjos, adorai!
Ao rei que se humilhou na cruz / Com glória coroai!

Ó, escolhida geração / De Deus, o eterno Pai,
Ao grande autor da salvação / Com glória coroai!

Remidos todos, com fervor, / Louvores entoai!
Ao que da morte é vencedor / Com glória coroai!

Ó, raças, povos e nações / Ao rei divino honrai!
A quem quebrou os vis grilhões / Com glória coroai! 


Extraído de: www.ultimato.com.br - Edição: 337

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Inclina o Ouvido.


Duas abordagens de Provérbios 22:17-19

17 Inclina o ouvido, e ouve as palavras dos sábios, e aplica o coração ao meu conhecimento. 18 Porque é coisa agradável os guardares no teu coração e os aplicares todos aos teus lábios. 19 Para que a tua confiança esteja no SENHOR, quero dar-te hoje a instrução, a ti mesmo.

Interpretação por inversão
19 De onde vem a confiança? De uma relação que, mediante provas, se torna confiável; na qual se é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto. Sem provas de confiabilidade, não será boa a confiança.
Então, quero dar-te hoje a instrução, a ti mesmo:
17 Inclina o ouvido =>ouve sabedoria =>aplica o coração em mim;
18 guarda tudo no coração =>então, aplica aos lábios =>e dize, tu também, palavras confiáveis (de sabedoria).

Interpretação por comentário
17 Inclina o ouvido (porque só o faz quem quer ouvir), e ouve as palavras dos sábios (ensino de quem pouco fala para muito dizer, porque sabe que falar é prata, mas calar é ouro), e aplica o coração ao meu conhecimento (pois quase sem palavras eu me revelo aos corações atentos).
18 Porque é coisa agradável os guardares (o meu conhecimento e o ensino dos sábios, pois dizem de mim) no teu coração (sim, na sala dos teus tesouros, na fonte de tuas águas) e os aplicares todos aos teus lábios (para então falares do que tens ouvido; dos teus tesouros, e serás agradável, pois teu coração terá aprendido a ouvir as palavras que não se dizem, a linguagem dos silêncios e os caminhos do coração).
19 Para que a tua confiança esteja no Senhor (e, ao prová-lo, te tornes confiante e, mediante provas, confiável), quero dar-te hoje a instrução, a ti mesmo (: inclina o ouvido, filho meu, como quem inclina o coração, e te revelarei o meu conhecimento. Então, dele tu falarás a teus filhos, ainda que sem palavras).


Escrito por: Rubem Amorese.
Extraído de: www.ultimato.com.br

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O Frasco de Maionese e Café.


Quando as coisas na vida parecem demasiado, quando 24 horas por dia não são suficientes...
Lembre-se do frasco de maionese e do café.

Um professor, durante a sua aula de filosofia sem dizer uma palavra, pega num frasco de maionese e esvazia-o... tirou a maionese e encheu-o com bolas de golf.
A seguir perguntou aos alunos se o Frasco estava cheio. Os estudantes responderam sim.
Então o professor pega numa caixa cheia de pedrinhas e mete-as no frasco de maionese. As pedrinhas encheram os espaços vazios entre as bolas de golf.
O professor voltou a perguntar aos alunos se o frasco estava cheio, e eles voltaram a dizer que sim.
Então... o professor pegou noutra caixa... uma caixa cheia de areia e esvaziou-a para dentro do frasco de maionese. Claro que a areia encheu todos os espaços vazios e uma vez mais o pofessor voltou a perguntar se o frasco estava cheio. Nesta ocasião os estudantes responderam em unânime  "Sim !".
De seguida o professor acrescentou 2 xícaras de café ao frasco e claro que o café preencheu todos os espaços vazios entre a areia. Os estudantes nesta ocasião começaram a rir-se... mas repararam que o professor estava sério e disse-lhes:

 'QUERO QUE SE DÊEM CONTA QUE ESTE FRASCO REPRESENTA A VIDA'.

As bolas de golf são as coisas Importantes:
como a FAMÍLIA, a SAÚDE, os AMIGOS, tudo o que você AMA DE VERDADE.
São coisas, que mesmo que se perdessemos todo o resto, nossas vidas continuariam cheias.

As pedrinhas são as outras coisas que importam como: o trabalho, a casa, o carro, etc.

A areia é tudo o demais, as pequenas coisas.

'Se puséssemos  1º a areia no frasco, não haveria espaço para as pedrinhas nem para as bolas de golf. 
O mesmo acontece com a vida'.

Se gastássemos todo o nosso tempo e energia nas coisas pequenas, nunca teríamos lugar para as coisas realmente importantes.

Preste atenção às coisas que são cruciais para a sua Felicidade.

Brinque ensinando  os seus filhos, arranje tempo para ir ao medico,
Namore e vá com a sua/seu namorado(a)/marido/mulher jantar fora,
Dedique algumas horas para uma boa conversa e diversão com seus amigos.
Pratique o seu esporte ou hobbie favorito.

Haverá sempre tempo para trabalhar, limpar a casa, arrumar o carro... 
Ocupe-se sempre das bolas de golf 1º, que representam as coisas que realmente importam na sua vida.

 Estabeleça suas prioridades, o resto é só areia...

 Porém, um dos estudantes levantou a mão e perguntou o que representaria, então, o café.

O professor sorriu e disse:


"...o café é só para vos demonstrar, que não importa o quanto a nossa vida esteja ocupada, sempre haverá espaço para um café com um amigo. "

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O Cuidado de Deus Não é Fábula!


Há algumas histórias bíblicas com as quais temos uma relação ambígua: gostamos delas e delas tiramos constantes ensinamentos. Mas a verdade é que achamos meio difícil acreditar nessas histórias, pois caem muito melhor para as crianças... 
Ver os olhos dos pequenos se arregalando e a adrenalina subindo, num salivar de interesse e total envolvimento, nos fascina e encanta. “E então veio um grande peixe...”, narramos, e o grito deles deixa transparecer todo o seu cativamento. Nós, os adultos, é que contamos a história; mas acreditar nela do mesmo jeito, soltando os mesmos gritos de empolgação, aí já é diferente e bem mais difícil. Dessa ponta de ceticismo e raiz de dúvida, nem nós, os pregadores da Palavra, estamos livres. Penso na minha própria experiência ministerial e nas vezes em que preguei sem sair muito convencido do que disse. “E, se Nínive se converteu, qualquer das nossas cidades pode se converter!”, declarava com eloqüência. Mas, quando as pessoas iam embora e eu, sozinho, descia as escadarias da igreja e retornava à minha casa, perguntava a mim mesmo se acreditava no que dissera. E aí me deparava com todo o meu ceticismo e minha dificuldade de crer. 
Uma das dificuldades que temos com as histórias bíblicas é que elas refletem uma realidade muito diferente da nossa, com a qual temos dificuldade de nos relacionar. Acabam sendo coisa de outro tempo e de outro mundo. Tenho visto que um dos segredos é tentar trazer o relato bíblico para dentro do nosso mundo. Aí vejo que ele cabe muito bem na nossa realidade e vai tomando formas que constroem uma bonita ponte entre aquela realidade e a nossa; e o nosso ceticismo vai sendo vencido pela realidade do amor e do cuidado de Deus. E estes, por sua vez, vão tomando forma e assumindo diferentes sabores, cheiros e expressões, sempre a nos dizer que Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre (Hb 13.8) e cuida de nós ontem, hoje e sempre. 

Vamos ver isso mais de perto?


O CUIDADO DE DEUS ASSUME MUITAS FORMAS

Cada vez mais eu me vejo envolto pelo cuidado de Deus e falando desse cuidado que expressa a natureza divina e nos cativa com seu amor. Esse cuidado assume muitas e diferentes formas e se expressa nas pequenas coisas da vida e no nosso cotidiano. Mas às vezes ele assume uma forma radical e dramática. 
Quem já não ouviu falar da história de Elias e de como Deus o sustentou à beira de um riacho remoto, à base de pão e carne? Cardápio simples e suficiente, mas servido de um jeito estranho e nada apetitoso: “disk-corvo”! O problema é o corvo que, sob orientação direta de Deus, visita o profeta duas vezes ao dia: “Depois disso a palavra do Senhor veio a Elias: ‘Saia daqui, vá para o leste e esconda-se perto do riacho de Querite, a leste do Jordão. Você beberá do riacho, e dei ordem aos corvos para o alimentarem lá.’ E ele fez o que o Senhor lhe tinha dito. Foi para o riacho de Querite, a leste do Jordão, e ficou lá. Os corvos lhe traziam pão e carne de manhã e de tarde, e ele bebia água do riacho” (1 Rs 17.2-6).
Falemos cá entre adultos: nós celebramos o sustento que Deus dá ao profeta, mas seu jeito de fazê-lo não desce com tanta facilidade na garganta da nossa credibilidade. Seja porque não nos agrada a idéia de um corvo chegar carregando nosso almoço num bico que bicou sei lá onde, seja porque a nossa verve racional começa a fazer perguntas sobre este episódio. Então, preferimos contá-lo a um grupo de crianças crédulas e fascinar-nos com o seu cativamento! 


TRAZENDO O "CORVO" PARA MAIS PERTO

Certa vez, visitando os pais da Silêda no Maranhão, eu compartilhei com eles a minha estranheza acerca do corvo levando carne ao profeta. “Que tipo de carne?”, comentei. 
Então a mãe dela, mulher de histórias e parábolas, falou: “Pois é... papai sempre nos contava daquela vez em que a família dele foi alimentada por um urubu!” 
E contou uma experiência ocorrida lá pelo final do século 19, quando a família do seu pai vivia no interior do Ceará. A vida era difícil e atormentada. Às vezes, eles tinham de abandonar a casa por causa dos bandos de cangaceiros que tomavam conta de tudo. Eles chegavam e se instalavam na propriedade, sem dia marcado para ir embora. Quem não fugia, morria. E os donos acabavam debandando. A necessidade constante de fugir já fizera disso uma empreitada organizada. Suprimentos e utensílios básicos tinham de acompanhar a fuga, pois não se sabia quanto tempo a família inteira precisaria ficar escondida no mato.
Numa dessas fugas, a permanência no esconderijo prolongou-se além do previsto. Os dias passavam e nada de os bandidos irem embora. Os mantimentos estavam acabando, o nervosismo aumentando e todos vivendo a dificuldade de não saber o que fazer. E chegou o dia em que só havia feijão para cozinhar. Era o resto, e era só feijão mesmo. Nem sal havia! 
Era costume na região salgar a carne e pendurá-la num varal para secar e virar carne de sol. Volta e meia os varais eram visitados por famintos urubus. Pois não é que naquele dia, enquanto o feijão cozinhava na panela, um bando de urubus sobrevoou o local e um deles, não conseguindo mais carregar o toucinho que havia roubado de algum varal, deixou-o cair justamente ali! Na pressa do roubo e sem muito tempo para fazer escolhas, ele havia agarrado um pedaço maior do que suas garras podiam transportar. Cansadas, elas se renderam e o toucinho despencou exatamente lá onde a família escondida olhava, ansiosa e faminta, para o feijão sem tempero!
Foi pura benção e absoluto cuidado de Deus! O feijão foi salgado e a refeição enriquecida pelo presente do urubu. Assim, não apenas Elias foi alimentado por um corvo. Aqueles rostos ansiosos e tensos, no indesejado esconderijo, nos confins do sertão nordestino, experimentaram o alimento trazido por um “corvo” como um providencial presente, tão inesperado e inusitado quanto necessário.
Dona Lídia me trouxe a história de Elias para perto. Para a sua própria família, ainda que para dias que já vão longe. Mas ela me ajudou a entender que a história de Elias é coisa de Deus e, sendo de Deus, é coisa para os nossos dias. A dificuldade é que muitas vezes não queremos nem conseguimos ver os corvos trazendo o nosso toucinho, expressão do cuidado e do amor de Deus. Mas que tem toucinho no feijão, isso tem.


Valdir Steuernagel é pastor luterano, trabalha com a World Vision International e com o Centro de Pastoral e Missão, em Curitiba. É autor de, entre outros, Para Falar das Flores... e Outras Crônicas.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

"Não Tenhas Sobre Ti" - Milad (1986)



NÃO TENHAS SOBRE TI 
Composição : Josué rodrigues de Oliveira e Jefferson Ferreira França Júnior

Álbum : Milad 1 (1986)

Não tenhas sobre ti um só cuidado, qualquer que seja
Pois um, somente um, seria muito para ti

CORO
É meu, somente meu todo o trabalho
E o teu trabalho é descansar em mim (2x)

Não temas quando enfim, tiveres que tomar decisão
entrega tudo a mim, confia de todo o coração

VOLTA AO CORO

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A imagem de Deus em nós.

Texto: Gênesis 1.26 Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão". Introdução: Sempre ouvi as pessoas falarem sobre a imagem de Deus em nós, mas nunca compreendi muito bem esse fato bíblico. Por essa razão procurei ler e estudar o que a Escritura ensina sobre essa fantástica realidade e quais as suas implicações. Que o Senhor nos abençoe. 1. A imagem de Deus em nós deriva da natureza divina. a. A imagem de Deus não está na inteligência ou racionalidade – Os anjos também são inteligentes e não possuem a imagem de Deus. b. O Senhor Jeová compartilhou conosco a sua natureza e não apenas a sua inteligência. – “Dessa maneira, ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo, causada pela cobiça” (2Pe 1.4). c. O nosso Deus é três pessoas que existem eternamente em perfeita comunhão e harmonia amorosa. Veja abaixo três vezes o mesmo citado, mas em cada uma delas referindo-se a uma das pessoas da Trindade. i. Referência ao Pai - "Torne insensível o coração deste povo; torne surdos os seus ouvidos e feche os seus olhos. Que eles não vejam com os olhos, não ouçam com os ouvidos, e não entendam com o coração, para que não se convertam e sejam curados" (Is 6.10). ii. Referência ao Filho - "Cegou os seus olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure" (Jo 12.40). iii. Referência ao Espírito Santo -"Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e converter-se, e eu os curaria' (At 28.27). d. As três pessoas são o Senhor Yavé, assim como seu corpo, alma e espírito é uma única pessoa – “Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23). Transição: Mas o que é essa parte da natureza divina que está em nós e que nos identifica como tendo a imagem de Deus. 2.A imagem de Deus em nós é a capacidade de viver em comunhão e amor. a. Assim como a família da Trindade é uma só: Deus. Ele também nos fez uma só família: Adão – “homem e mulher os criou. Quando foram criados, ele os abençoou e os chamou Homem (Adão)” (Gn 5.2). Isto é, homem e mulher tinham um único nome, Adão, porque eram uma só carne, uma só família, assim como Pai, Filho e Espírito Santo têm um único nome Yavé e é um só Deus. b. Foi depois do pecado que Adão deu o nome de Eva à mulher – “Adão deu à sua mulher o nome de Eva, pois ela seria mãe de toda a humanidade” (Gn 3.20) c. A queda “trincou” a imagem de Deus no casal do Éden, separando-os pelas acusações e, tornando imperfeito o que era perfeitamente uma só carne – “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne.” (Gn 2.24). Transição: Mas, e agora, há algum jeito de a imagem de Deus ser resgatada no homem? 3.A Imagem de nós em nós é resgatada em Jesus. a. A obra de Jesus no Calvário veio resgatar a imagem de Deus em nós por meio do termos Cristo formado em nós – “E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito” (2Co 3.18) e “Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em vocês.”(Gl 4.19). b. O que nos identifica como discípulos de Jesus e Filhos de Deus é o fato de amarmos incondicional-mente – “Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos ou-tros" (Jo 13.35); “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós” (1Jo 4.7-12). i. Portanto, se temos dificuldade de amar, perdoar e/ou aceitar as pessoas ou facilidade de jul-gar e falar pelas costas, é porque Cristo ainda não foi plenamente formado em nós. c. Amar é um verbo, portanto é uma ação e não um sentimento verbalizado – “Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade” (1Jo 3.18). i. Dizemos que amamos as almas perdidas. Mas quanto de dinheiro, tempo e oração dedicamos a elas? ii. Dizemos que amamos uns aos outros. Mas quanto dinheiro, tempo e oração dedicamos uns aos outros? Conclusão: A imagem e semelhança de Deus em nós é expressa não pela nossa racionalidade ou inteligência, mas pela capacidade de amar e viver em comunhão, nos doando uns aos outros pelo bem comum, assim como a Trindade Santa. Apelo: Se você quer que as pessoas vejam Deus em você separe um tempo a cada semana para se dedicar para o bem de pessoas que você não conhece ou com as quais tem pouco contato.

domingo, 7 de outubro de 2012

O meu porquinho aleijado.


Passei toda minha infância no campo, criando animais como cabritos, aves e porcos. Lembro-me de uma leitoa que gostava de furar a cerca do chiqueiro e invadir as plantações dos nossos vizinhos com seus filhotes. Um dia, um agricultor ficou enfurecido ao ver sua plantação destruída e atacou o animal e seus porquinhos com uma foice. Um dos golpes atingiu em cheio a perna traseira de um deles, justamente o malhado que meu pai tinha escolhido para ser meu presente. Quando vi o bichinho ensanguentado  com a pata mutilada, gritei desesperada. Mas meu pai era um camponês muito habilidoso no trato dos animais e conseguiu salvar o porquinho – ele ficou sem parte da uma pata, mas conseguia caminhar com as outras três e fazia tudo que os outros faziam.
Este episódio singelo ilustra bem a forma como lidamos com aquilo que não recebemos ou que nos foi tirado, e também quando dizemos não para algo que desejamos, mas que contraria nossas crenças e valores. E um dos sinais de maturidade – tanto emocional quanto espiritual – de uma pessoa é sua capacidade de superação diante de alguma perda ou de alguma coisa que lhe falta. A incapacidade de ficar sem algo desejável começou no Éden. Lá, Deus deu ao homem e à mulher o usufruto de todo o jardim, com exceção do fruto de uma árvore. O primeiro casal tinha toda a Criação à disposição, mas pôs o foco de seu desejo justamente na árvore proibida. E por isso foi tão fácil para a serpente convencer Eva a transgredir a ordem divina.
Desejos e carências podem ocorrer em diversas situações ou momentos da vida. Atualmente, acredita-se que há necessidades não supridas desde o ventre materno. Assim, sentimentos doloridos ou prazerosos da mãe poderiam afetar o bebê, mesmo que ele ainda seja um feto. Após o nascimento, a criança também está sujeita a uma enorme gama de carências – alguns não serão amados suficientemente; outros não serão aceitos. E desta forma, muitos chegarão à vida adulta com lacunas impossíveis de serem reparadas, simplesmente porque não há como voltar na história. É como a perna aleijada do porquinho: ela existia e até podia ser utilizada, mas sempre seria deficiente.
No decorrer da vida, estamos sujeitos a perdas, acidentes e reviravoltas que podem nos mutilar material, física ou emocionalmente. Às vezes somos lesados nos relacionamentos – é um cônjuge que escolhe alguém mais atraente e mais jovem; é um filho que passa meses e meses sem dar notícias; é uma traição na amizade em que tanta confiança se tinha; e é a tragédia, como a morte prematura que nos arranca uma pessoa querida antes da hora. A má notícia é que muitos, diante do horror da dor e da falta, preferem se desconectar da realidade. Desta forma, nunca experimentarão a integração destas vivências em suas vidas. Lembro-me de um jovem que disse: “Eu sofria muito por não me sentir amado pelo meu pai; então, me anestesiei, excluindo algo de mim junto com essa dor . Hoje, quero acessar partes que são minhas e não consigo.” Felizmente, este jovem buscou ajuda e pôde integrar em si mesmo sua própria história. Ele entendeu que, mesmo não tendo sido amado e compreendido pelo pai, poderia, ao longo da vida, amar e aceitar o amor de outros em toda sua plenitude.
Já a boa nova é que as pessoas que têm coragem de assumir suas carências e mazelas passarão pelo desconforto dos próprios aleijões, mas poderão redefinir a própria vida de forma amorosa e completa. Como cristã, acredito que o Calvário é um bom lugar para irmos com tudo que nos falta. Ao nos aproximarmos do Salvador sob o peso de nossas fragilidades, contemplaremos um Cristo que foi injustiçado e defraudado, de quem quase tudo foi tirado. Só lhe restou, naquele momento, forças para bradar em alto e bom som todo seu desamparo. No Calvário, encontramos Cristo sacrificado, humano como nós, e que pode caminhar conosco aliviando a dor daquilo que nos falta. E pela sua ressurreição nos dá satisfação plena.
Aprender a caminhar sem negar e conviver com as próprias carências é necessário para que sejamos mais amorosos e compassivos com aqueles que sofrem por não receberem o essencial para a vida. Quem consegue conviver com alguma necessidade não suprida terá mais recursos para desfrutar do que lhe está disponível e administrar os desejos egoístas, como a busca desenfreada por prazer, poder e satisfação. Desta forma, sem negar os desejos, é possível destroná-los, subsistir numa eventual falta e ainda escolher a ação que menos danos trará às pessoas que estão à volta.
A proposta do Cristianismo é que não neguemos os desejos, mas que os tenhamos sob controle, mesmo que isso signifique a carência de algo tido como importante. Quando Jesus alertou seus seguidores acerca da necessidade de dominar o pecado, ele o faz usando como  simbologia o corpo – segundo o Mestre, é melhor entrar no Reino dos Céus sem um olho ou uma perna do que ficar inteiro e se perder.

Escrito por: Esther Carrenho
Extraído de: www.cristianismohoje.com.br

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Seu Quarteirão, Sua Missão.



Em uma determinada Igreja que trabalhamos há algum tempo atrás, tivemos a iniciativa de desenvolver um desafio bem interessante: “Jesus para o quarteirão!” Nada mais era do que um incentivo para que todos os crentes daquela igreja tivessem o entusiasmo de fazer uma visita aos seus vizinhos do quarteirão, deixar uma palavra de ânimo das Escrituras e convidar para um culto em uma data específica.
Essa igreja tinha, na maioria de seus membros, muitos idosos dos quais uma grande parte já fazia era da Igreja há um bom tempo. Foi muito bom ver a reação positiva daqueles irmãos e irmãs. Muitos atenderam ao desafio e proclamaram Jesus para o seu quarteirão. O mais interessante também foi ouvir de vários irmãos e irmãs que nunca tinham percebido que podiam fazer missões em seus quarteirões.
Quando Jesus disse em Marcos 16: 15: “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”, é preciso entender que a palavrinha “ide” indica “indo”. Ou seja, à medida que você for, você vai pregando o Evangelho. A partir daí temos uma boa indicação missionária. Onde o discípulo de Jesus estiver, as pessoas ao redor terão a oportunidade de ouvir e ver o evangelho da salvação.
A missão de pregar o Evangelho não pode ser uma exclusividade de alguns. Mas todos os crentes devem ter como exclusividade o viver e testemunhar o Evangelho. Não é preciso fazer um deslocamento longínquo para que se realize uma missão. A missão está a partir do local onde você se encontra.
Que tal começar hoje a fazer missões? Você não precisa realizar nada formal para isso. Basta ter um coração disposto a viver em Jesus, conscientizar de seu chamado para realizar sua função de agente do reino de Deus e estar sensível à direção do Espírito.
Sua missão começa a partir de seu coração. Trabalhe internamente em você pedindo ao Senhor para que te envolva nos projetos dele. Depois disso, veja que sua casa já é o seu primeiro campo missionário. Seu cônjuge, seus filhos, seus pais e toda sua família são as vidas que Deus te deu para falar e testemunhar de Jesus. E, depois, coloque o quarteirão como objeto de seu amor e do alcance do Evangelho. Depois disso você vai ver que já estará completamente envolvido com a missão do Reino. A alegria tomará conta de seu coração por compreender o seu papel no ministério de Cristo. Lembre-se: seu quarteirão, sua missão.

Escrito por: Natanael Flávio de Moraes.
Extraído de: www.ultimato.com.br