PALAVRAS DE VIDA:

"Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros!." 1 Pedro 4:10

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Os Princípios do Congregacionalismo.

O regime de governo eclesiástico conhecido como Congregacional é um sistema onde cada congregação local é autônoma e independente. A igreja local possui autonomia para sua própria reflexão teológica, expansão missionária, relação com outras congregações e seleção de seu ministério. O Congregacionalismo está baseado nos seguintes princípios:
Cada congregação de fiéis, unida pela adoração, observação dos sacramentos e disciplina cristã, é uma Igreja completa, não subordinada em sua administração a qualquer outra autoridade eclesiástica senão a de sua própria assembléia, que é a autoridade decisória final do governo de cada igreja local.
Não existe nenhuma outra organização ou entidade maior ou mais extensa do que uma Igreja local a quem pode ser dada prerrogativas eclesiásticas ou ser chamada de Igreja.
As igrejas locais estão em comunhão umas com as outras, são interdependentes e estão intercomprometidas no cumprimento de todos os deveres resultantes dessa comunhão. Por isso, se organizam em Concílios, Sínodos ou Associações. Entretanto, essas organizações não são Igrejas, mas são formadas por elas e estão a serviço delas.
O Congregacionalismo é o regime de governo mais comum em denominações como Anabatistas, Igreja Batista, Discípulos de Cristo, Igreja de Cristo no Brasil e obviamente a própria denominação que deu nome ao termo: a Igreja Congregacional (Wikipédia).
O primeiro documento que apresenta os princípios do Congregacionalismo é a Declaração de Fé e Ordem, que foi redigida em Londres em 1658. A Declaração Savoy de Fé foi elaborada a partir da Confissão de Fé de Westminster com pouquíssimas mudanças. A fé dos Separatistas (ou Independentes) na Inglaterra era a mesma dos Presbiterianos. Onde eles divergiam era na área de governo eclesiástico, e é na Declaração Savoy de Ordem que o governo Congregacional é mais clara e resumidamente estabelecido.
Os Presbiterianos têm níveis diferentes de autoridade em seus sistema de governo. Os membros de uma Igreja local devem submeter-se a um Conselho dentro da igreja local; o Conselho deve submete-se ao Presbitério que é encarregado da liderança naquela área e o presbitério deve submeter-se ao Sínodo; e o Sínodo deve obedecer ao Supremo Concílio. Todo o que foi decidido no Supremo Concílio torna a ser lei para as igrejas locais. Os Episcopais, os Anglicanos, os Metodistas e os Luteranos também têm sistema hierárquicos com vários níveis de autoridade. Mas os Congregacionalistas não têm nenhum sistema hierárquico.
No geral, há trinta artigos na Declaração Savoy de Ordem. Não é minha intenção expor todos os trintas, mas apenas para retirar deles os mais importantes princípios do Congregacionalismo.
I - O primeiro e o mais importantes princípios do Congregacionalismo é que Jesus Cristo é o Senhor e a única Cabeça de Seu Corpo, a Igreja. Outros cristãos, também acreditam no Senhorio de Cristo. Mas no Congregacionalismo, o Senhorio de Cristo está no coração do nosso sistema de governo. As cartas de Paulo aos Efésios e aos Colossenses dão a Cabeça ao Seu Corpo, a Igreja.
II - Um segundo princípios do Congregacionalismo é que Jesus Cristo junta pessoas para si mesmo. A palavra grega para a igreja refere-se a uma reunião de pessoas que haviam sido chamadas por Cristo. Cristo chama-nos do mundo para a aliança com Ele mesmo. Nas palavras de Pedro: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.
III - Um terceiro princípio do Congregacionalismo é que a Igreja devem consistir de uma reunião local de pessoas que Cristo chamou para Si. É natural para os cristão estarem reunidos. Assim Jesus reúne pessoas para Ele mesmo, e quando Ele junta pessoas para Si, eles também são reunidos para perto uns dos outros. Este é certamente o modelo que nós vemos no Livro de Atos. O Evangelho era pregado, o povo era reunido para Cristo, e em ser reunido para Cristo,  Ele era reunido para si mesmo.
Geralmente, quando o Novo Testamento usa a palavra igreja, está se referindo a um destes ajuntamentos locais. Nós temos a respeito da igreja em Jerusalém, da igreja em Antioquia, e assim por diante. Isto simplesmente significa que os cristãos tinham se reunido naqueles lugares. Quando o Novo Testamento refere-se a uma região, ele usa o plural e assim nós lemos a respeito das igrejas da Macedônia, das igrejas da Ásia e das igrejas  da Galácia. A única outra maneira em que a palavra igreja é usada no Novo Testamento é no sentido universal. Jesus falou sobre a construção de Sua Igreja (Mt.16.18). “...Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela.” (Ef.5.25). Jesus é a Cabeça da Igreja (Ef.1.22;5.23 e Cl.1.18). A coisa importante para se observar é que não há nenhuma outra organização ou estrutura entre a igreja local e a igreja universal que é chamada de uma igreja no Novo Testamento. Então, quando você fala sobre uma denominação como uma igreja, você está usando a palavra “Igreja” de uma maneira que nunca é usada no Novo Testamento. É por esta razão que é apropriado para você chamar a si mesmo como a Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.
Uma implicação importante deste terceiro princípio do Congregacionalismo é que todo membro da igreja local deve ser cristão - um seguidor verdadeiro de Cristo. Agora, é claro, a igreja local não é uma instituição perfeita. Haverá sempre joio crescendo no meio do trigo. E como Jesus avisou, um  arrancamento descuidado do joio pode também prejudicar o trigo. Mas, ao mesmo tempo, deve tomar cuidado no recebimento de novos membros para que os descrentes não sejam trazidos publicamente para dentro da igreja. Certamente que os novos cristão, fracos e imaturos, não devem nunca ser excluídos, mas se a Igreja local é para ser um agrupamento do povo de Cristo, todo membro deve ter um compromisso com ele.
Uma outra implicação deste terceiro princípio é que todo membro deve concordar em andar com todos os outros membros da maneira do Senhor. Na Inglaterra e na América, este acordo é na forma de um pacto.        
Este tipo de pacto é o pacto da primeira igreja em Salem, Massachusetts em  1629. Ele afirma: “Nós fazemos pacto com o Senhor e uns com os outros e nós nos ajuntamos na presença de Deus para andar em seu caminho completamente, da mesma forma que Ele está contente por revelar-Se a nós em Sua abençoada Palavra da Verdade”.
Existe alguma coisa maravilhosa e excitante sobre um grupo do povo de Deus reunindo-se para envolver-se neste tipo de acordo. Associar-se a uma igreja não deve ser como associar-se a um clube. Pelo contrário, é juntar-se a um grupo de crentes, ligados a Cristo e uns aos outros, com propósitos comuns de adorar a Deus, de encorajar e amar aos outros e de fazer a obra de Cristo no mundo.
  IV - Um quarto princípio do Congregacionalismo é que Cristo concede poder e autoridade a cada igreja local para exercer suas responsabilidade, através do poder do Espírito Santo e em obediência a Palavra de Deus. Jesus disse: “Pois, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei Eu com eles.”(Mt.18.20). Quando Jesus está no meio de Seu povo e o povo tem Sua Palavra escrita, estando eles buscando a Sua vontade para a vida de sua igreja, eles têm tudo que  precisam.
Pense a respeito da implicação deste princípio para cada igreja local. Toda vez que nos reunimos, Cristo está presente. Por isso, toda vez que estivermos juntos, seja para adoração ou para negócio, deve ser uma experiência espiritual, pois Cristo está presente. E quando nós nos ajuntamos, não é para buscarmos nossa própria vontade, ou para agirmos da nossa própria maneira, mas é pra buscarmos a vontade de Cristo. Oração e uma busca por Cristo devem fazer parte de todo culto.
Isto também significa que todo membro é importante e deve exercer sua responsabilidade seriamente. Não existe nenhum membro simples da igreja pelo qual Deus não possa falar. Nós cremos no sacerdócio de cada crente. Todo membro tem recebido dons por Deus e tem alguma coisa para contribuir com toda a aliança. Não existe nenhuma elite espiritual na vida de uma igreja. Somos todos iguais diante de Deus.
Isto também significa que toda igreja local tem o poder de eleger seus próprios oficiais e para disciplinar seus próprios membros. Contudo, isto é para ser feito também sob o Senhorio de Cristo. Se Cristo orou toda a noite anterior à convocação de seus doze discípulos, tanto mais nós devemos esperar em Cristo antes de escolhermos nossos líderes ou disciplinar nossos membros.
V - Um quinto princípio do Congregacionalismo é que é apropriado e benéfico para cada igreja local buscar aliança e conselho de outras congregações locais. A declaração Savoy de Ordem chega ao ponto de dizer: “Todas as igrejas e todos os seus membros estão obrigados a orar continuamente pelo bem e pela propriedades de todas as igrejas de Cristo em todos os lugares”.
O Congregacionalismo nunca foi meramente uma coleção de congregações independentes. é verdade que os peregrinos puritanos inglês eram separatistas e que eles declararam-se independentes da Igreja da Inglaterra e de suas práticas e traduções não bíblicas, mas eles nunca declararam-se independentes uns dos outros. Embora cada igreja local ser autônoma e livre, eles reconheciam que tinham uma grande dependência de Deus, de Suas Palavras e uns dos outros como membros companheiros do corpo de cristo. Exatamente como a igreja em Antioquia que avistou ajuda da igreja em Jerusalém, eles acreditavam na busca mútua de ajuda e encorajamento, umas das outras.
É por este tipo de espírito que as Igrejas Congregacionais tem se reunido em conferências, associações, alianças, uniões, associações. E é por este tipo de espírito que a Fraternidade Mundial Evangélica Congregacional foi formada.
Contudo, deve ser entendido que estes grupos de igrejas existem para servir a igreja local e não para controlá-la. O senso comum e a história têm demonstrado que há coisas que podemos fazer juntos que nós não podemos fazer sozinhos, mas ainda é principalmente pela igreja local que Cristo realiza Sua obra.           
Estes são apenas alguns dos princípios pelos quais o Congregacionalismo é baseado. O Congregacionalismo não é uma maneira fácil. É uma maneira difícil. É exigente. Envolve responsabilidade. Requer maturidade espiritual. Há muitos idealismos nele. Mas é verdade que é uma maneira cristã. Jesus disse: “Sigam-me” e nunca foi fácil, e foi sempre idealístico, mas é nossa meta; é nosso objetivo.      
Podemos retornar este espírito, hoje, em nossas igrejas e em nossas denominações Congregacionais Evangélicas? Todos nós somos uma influência positiva e negativa na Igreja de Jesus Cristo. Ou nossos supremos interesses estão, na vontade de Cristo, sendo feitos na vida da Igreja ou nossos interesses estão em fazer nossa própria vontade?  Cada um de nós deve examinar nosso próprio coração para ver o que é verdadeiro em nós. Isto requer um espírito de profunda humildade - uma vontade em nos submetermos a Cristo e uns aos outros. E isto requer um espírito de profundo amor - uma obediência a Cristo e uma afeição pelos outros.
Que o Senhor nos ajude a sermos tanto humildes quanto caridosos ao traçarmos este caminho dos puritanos. 

Rev. Clifford Christensen 

Nenhum comentário:

Postar um comentário