PALAVRAS DE VIDA:

"Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros!." 1 Pedro 4:10

terça-feira, 3 de julho de 2012

O Recurso do Grito.


No capítulo 7 de Romanos, Paulo exerce os papéis de psicanalista e paciente ao mesmo tempo. Diante de certas dificuldades éticas e pessoais, profundas e continuadas, quase desesperadoras, Paulo assenta-se no divã e tenta conhecer-se a si próprio. Ele quer saber por que é tão contraditório, por que oscila tanto entre o bem e o mal, por que tem mais facilidade na desobediência do que na obediência. Nesse autoexame, o apóstolo descobre, em sua própria história, os estragos provocados pela queda do homem. Ele sabe que o problema não é só dele, mas de todo ser humano. Todavia, a princípio, Paulo fala de si mesmo e não dos outros. As conclusões a que chega revelam um diagnóstico sombrio da natureza humana:

- Sou um ser “humano e fraco”, pois fui vendido ao pecado (v. 14).
- Sou uma pessoa “contraditória”, pois não faço o que gostaria de fazer, mas o que odeio (v. 15).
- Sou um “inveterado pecador”, pois o mal e não o bem vive em mim (v. 17-18).
- Sou um “fracassado”, pois não consigo fazer o bem, mesmo que o queira (v. 18).
- Sou uma pessoa “dividida”, pois sofro a influência da lei de Deus e da lei do pecado (v. 23).
- Sou um “infeliz”, pois a lei do pecado tem prevalecido e me feito seu prisioneiro 
(v. 24).
- Sou um “necessitado”, pois preciso de alguém que me liberte da tara pecaminosa que habita em mim (v. 24).

Essa autoanálise não é nem pessimista nem fatalista, muito menos derrotista. Não é de forma alguma um atestado de óbito ou o fim do caminho. Em vez disso, ela é uma ponte que leva o apóstolo para outro lugar, outra situação, outra história. Com o diagnóstico em mãos, Paulo se dá por vencido, grita, clama por socorro e se pergunta: “Quem é que me livrará da minha escravidão a essa mortífera natureza inferior?” (v. 24, BV). Ele está simplesmente repetindo a oração que os judeus faziam quando subiam as montanhas em direção a Jerusalém: “Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro?” (Sl 121.1). A autoanálise conduz o apóstolo ao Salvador e ele termina o famoso capítulo não com o drama do pecado, mas com ações de graça: “Deus seja louvado, pois ele fará isso [livrar-me da lei do pecado] por meio do nosso Senhor Jesus Cristo!” (v. 25, NTLH).
Se Romanos 7 retrata a capitulação, o capítulo seguinte retrata a vitória: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31). Entre um e outro está o Senhor Jesus Cristo! E para sair do primeiro em direção ao segundo, temos o recurso do pedido honesto de socorro a quem de direito!

Revista Ultimato – Edição 317
Extraído do site: www.ultimato.com.br

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