PALAVRAS DE VIDA:

"Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros!." 1 Pedro 4:10

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A Arte da Comunhão.


Uma das reclamações mais freqüentes em nossas igrejas é a falta de amizades sinceras, amor verdadeiro, relacionamentos profundos. Podemos ter uma boa estrutura eclesiástica, boa doutrina, boa música, bons programas, mas nada disto é suficiente para atender a necessidade humana de ser amado, aceito, acolhido, reconhecido e valorizado. Por um tempo, os programas ajudam a preencher este vazio, a música parece criar um clima saudável, o trabalho e a participação nos programas dão a sensação de que é disto que precisamos, porém mais cedo do que imaginamos, nos vemos de novo frustrados com a superficialidade afetiva, a hipocrisia dos que nos cercam, a ausência de amizades sinceras e profundas. 
A conversão é a transformação do “eu” solitário num “nós” comunitário. É o chamado para sermos amigos de Deus e dos nossos irmãos. As parábolas e imagens do reino glorioso de Cristo sempre envolvem mesas fartas, festas, multidão de todas as línguas, tribos, raças e nações; Paulo nos fala de uma nova família, um corpo; João nos fala de um rebanho e de uma cidade — essas imagens revelam que o reino de Deus é o lugar onde as pessoas se encontram na comunhão festiva com Cristo. 
Porém, para muitos, a igreja não tem sido este lugar; pelo contrário, tem sido um lugar de desilusão, frustração e solidão. Um lugar de mágoas, ressentimentos e traições. Sei que existem aqueles que se sentem acolhidos e amados em suas comunidades, mas esta não é a regra geral. No entanto, mesmo os que se sentem bem nem sempre experimentam uma verdadeira comunhão de amizade e amor. 
Grande parte do fracasso na comunhão deve-se aos falsos ideais e às fantasias que projetamos. Para Bonhoeffer, a comunhão falha porque o cristão traz em sua bagagem “uma idéia bem definida de como deve ser a vida cristã em comum, e se empenhará por realizar esta idéia... Qualquer ideal humano introduzido na comunhão cristã perturba a comunhão autêntica e há que ser eliminada, para que a comunhão autêntica possa sobreviver”. Para ele, o ideal que cada um traz para a igreja acaba sendo maior que a própria comunhão e termina destruindo-a. 
As imagens bíblicas de banquete, mesa farta cheia de amigos, nos ajudam a refletir melhor sobre o significado da comunhão e da amizade. Quem viu o filme ou leu o livro A Festa de Babette percebe isto. Babette chega a um vilarejo na Dinamarca fugida da guerra civil em Paris e emprega-se na casa de duas filhas de um rígido pastor luterano. As irmãs seguem à risca os rigores da sua fé pietista, que as proíbe de qualquer prazer na vida, sobretudo o material. Um dia, Babette descobre que ganhou um prêmio na loteria e, em vez de voltar para a França, onde havia sido uma exímia cozinheira em Paris, pede permissão para preparar um jantar em comemoração do centésimo aniversário do pastor. 
Sob o olhar suspeito das irmãs, Babette prepara o banquete. Durante o jantar, o sabor de cada prato, o aroma do vinho, o prazer de cada mordida, foi lentamente quebrando a frieza, demolindo as antigas mágoas e transformando aquela mesa num encontro de corações libertos. Quando terminou, uma das filhas, Philippa, assustada pelo fato de que Babette teria usado toda a fortuna da loteria naquele jantar, disse: “Não deveria ter gasto tudo o que tinha por nossa causa”. Depois de pensar um pouco, Babette respondeu: “Por sua causa?”, retrucou. “Não, foi por minha causa”. Depois disse: “Sou uma grande artista”. Após algum silêncio, Martine, a outra irmã, perguntou: “Então vai ser pobre o resto da vida, Babette”? Babette sorriu e disse: “Não, nunca vou ser pobre. Já lhes disse que sou uma grande artista. Uma grande artista nunca é pobre”. 
Comunhão e amizade é o trabalho de artistas. A riqueza de um artista nasce de sua capacidade de oferecer o melhor. Ao oferecer o melhor que podia, Babette abençoou a si e aqueles que provaram do seu dom. Na arte da construção da comunhão e da amizade, precisamos oferecer o que temos de melhor, seja uma boa refeição ou uma boa música, uma boa conversa ou um lindo sorriso. Não foi isto que Cristo fez? 


Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

"Deus Tem Um Plano" - Som Maior (1981).


DEUS TEM UM PLANO
Álbum: Ele é a Razão de Viver
Composição: Vitorino Silva


Deus tem um plano em cada criatura
E aos astros Ele dá o céu
E a cada rio Ele dá um leito
E o caminho para mim traçou

CORO
A minha vida eu entrego a Deus
Pois o Seu Filho entregou por mim
Não importa onde for, seguirei, Meu Senhor
Sobre a terra ou mar, onde Deus mandar irei

Em Seu querer encontro paz na vida
e bênçãos que jamais gozei
Embora venham lutas e tristezas
Tenho fé que Deus me guiará

Volta ao Coro

Final: Irei, Amém!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Igreja precisa de modelo.

Paulo explica que deixou de fazer coisas erradas e abriu mão de certos direitos pessoais “para que nos tornássemos um modelo para ser imitado por vocês” (2Ts 3.9).

Jesus, por sua vez, levantou-se da mesa, tirou sua capa, colocou uma toalha em volta da cintura, derramou água numa bacia, abaixou-se, lavou os pés dos seus discípulos e depois os enxugou. Então esclareceu: “Eu lhes dei o exemplo para que vocês façam como lhes fiz” (Jo 13.15).

O exemplo pode vir de baixo para cima, mas ele é mais necessário quando vem de cima para baixo. O mau exemplo é sempre muito mais escandaloso quando vem de cima para baixo. Sem bons exemplos, a igreja perde o rumo. Uma vez ordenado epíscopo (bispo ou presbítero), o ministro de Deus, além das qualidades básicas (vida irrepreensível, moderação, sensatez, amabilidade, desprendimento, desapego ao dinheiro etc), deve ter boa reputação, boa fama, boa consideração, bom testemunho entre os de fora de sua comunidade, para não cair em descrédito, para não ficar desmoralizado (1Tm 3.7).

Não se pode abrir mão do bom exemplo nem das autoridades nem dos subordinados. O bom exemplo vale mais do que a pregação e o ensino. É mais fácil tornarmo-nos corretos pelo exemplo do que pela palavra. O exemplo convence muito mais do que o discurso. O exemplo torna coerente o discurso e o fortalece.

O maior legado que alguém pode oferecer é o exemplo. Depois da salvação, o legado maior de Jesus foi o seu exemplo. Pedro menciona esse fato: “O próprio Cristo sofreu por vocês e deixou o exemplo, para que sigam os seus passos” (1Pe 2.21, NTLH). Nós éramos ovelhas que havíamos perdido o caminho, mas fomos trazidos de volta para seguir o exemplo do supremo pastor: “Ele não cometeu nenhum pecado, e nunca disse uma só mentira. Quando foi insultado, não respondeu com insultos; quando sofreu, não ameaçou, mas pôs a sua esperança em Deus, o justo Juiz” (1Pe 2.22-23, NTLH). O exemplo de Jesus está disponível: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (Fp 2.5).

Quando o rebanho não tem um modelo para seguir ou quando o padrão de comportamento dos pastores não é bom, pode-se esperar uma decadência em cadeia, que se alastra por toda a igreja. Pois os novos pastores vão se ordenando e os novos crentes vão nascendo sem aquele exemplo original, dado por Jesus Cristo, para ser seguido.

Como pai na fé e tutor eclesiástico de Timóteo, Paulo exorta o jovem pastor a ser “um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza” (1Tm 4.12). A maturidade espiritual manifestada pela força do exemplo compensaria o fato de Timóteo ser ainda muito jovem.

Extraído de: Revista Ultimato – Edição 309

domingo, 23 de setembro de 2012

Entre a AÇÃO e a ORAÇÃO.


Certa vez, ouvi um pastor dizer: “Um dos pontos fortes de nossa comunidade é o planejamento das mensagens e liturgias com certa antecedência. Isso nos proporciona a oportunidade de fazer a obra de Deus com a excelência que ele merece”. Outro líder retrucou: “Bem, mas precisamos tomar cuidado com o planejamento excessivo que nos leva a não depender do Espírito Santo e a confiar mais em nossas próprias ações do que na obra de Deus.” Diante disso, a dúvida se instalou: Devemos ou não planejar? Devemos ou não assumir a responsabilidade pela ação? Ou devemos, simplesmente, orar e confiar que Deus, do seu jeito e a seu tempo, vai fazer a obra?
De outra feita, um casal de amigos me disse que estavam orando a Deus e esperando sua resposta acerca de suas próximas férias. Eles queriam muito viajar, tinham recursos e tempo para isso, e sabiam que o momento era oportuno. “No entanto”, disseram, “queremos ouvir a Deus sobre esta situação”. Diante da resposta, confesso que fui tomado por certo sentimento de culpa. Será que tive a mesma atitude nas últimas vezes em que tive que tomar decisões como mudar de casa, comprar um carro, ir ou não ao cinema no sábado a noite ou fazer uma viagem de férias? Ou será que, ao agir, deixei de ouvir a voz do Senhor? 
Até que ponto a oração nos isenta do planejamento e da ação? Por outro lado, a partir de quando esse planejamento e essa ação se caracterizam como uma afronta à oração e, consequentemente, a dependência ao Espírito Santo? Com certeza, nesta reflexão, os extremismos devem ser evitados. Existem aqueles que se perdem numa passividade contemplativa em nome da dependência de Deus, assim como também há os que confundem a necessidade de controle total sobre todos os processos com o desejo de servir a Deus com excelência. Mas como fugir dos extremos? Existiria um ponto de equilíbrio nesta questão?
Para mim, as pessoas que insistem em estabelecer esta dicotomia entre oração e ação insistem numa falácia e aqueles que defendem o equilíbrio estão equivocados. Precisamos, sim, aprender a orar avaliando e considerando as situações, da mesma forma como precisamos aprender a planejar e agir, orando. Os dois movimentos não são contraditórios, mas complementares. Logo, a resposta para a questão é a integração entre oração e ação em nossas vidas.
Prova disso podemos encontrar na vida e missão de Neemias. Nenhum outro personagem na Bíblia aparece mais vezes orando do que ele. Ao mesmo tempo, pouquíssimos personagens bíblicos demonstram ser tão elaborados em seus planos e determinados em suas ações como ele. Neemias é um exemplo perfeito de como devemos e podemos integrar a oração à ação, bem como a ação à oração. Desde o primeiro momento em que Neemias recebe informações sobre a cidade de Jerusalém, ele passa a orar, conforme o primeiro capítulo de seu livro. Quatro meses depois, na presença do rei, quando questionado sobre a preocupação que transparecia em seu semblante, Neemias ora e apresenta um detalhado plano de ação ao rei. O que Neemias havia feito durante os quatro meses anteriores? Ele havia orado, avaliando e considerando possibilidades.
Por outro lado, quando Neemias já se encontra no meio da execução do plano de reconstrução dos muros, ele se depara com adversidades. Mais uma vez, busca alternativas que conciliavam a oração com a ação (Neemias 4.9). Diante das escolhas a serem feitas e das necessidades que apareciam, Neemias procura sempre considerar as possibilidades e tomar as melhores decisões – sem, no entanto, deixar de reconhecer sua dependência de Deus (Neemias 4.13-14). Sendo assim, a confiança no cuidado e no amor do Senhor por nós não deve nos isentar da responsabilidade de considerarmos os caminhos que temos diante de nossos olhos, avaliarmos com critério as possibilidades de cada um deles e tomarmos a decisão que nos parece mais coerente com um coração disposto a viver nos valores de Deus e com uma vida desejosa de honrá-lo a todo tempo.
A certeza de que o Senhor está no controle de todas as coisas e de que nossa capacitação vem dele não pode nos conduzir a uma atitude de passividade para com as decisões e ações em nossas vidas. Parte da capacitação que Deus nos concede está relacionada à percepção da realidade que nos cerca, à avaliação das possibilidades vinculadas aos nosso valores e princípios e à elaboração de ações planejadas a partir de tal capacidade.

Escrito por: Ricardo Agreste
Extraído de: http://cristianismohoje.com.br

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Todo-Poderoso e as formiguinhas: uma intimidade possível.


No belíssimo Salmo de Isaías, o profeta exalta a grandeza e majestade de Deus. Ele faz várias e profundas perguntas:
Quem mediu a água do mar com as conchas da mão ou mediu o céu com os dedos? Quem, usando uma vasilha, calculou quanta terra existe no mundo inteiro? Com quem Deus pode ser comparado? Com o que ele se parece? Quem é igual a ele? Olhem para o céu e vejam as estrelas. Quem foi que as criou? (Is 40.12-26).
 O salmo e os versículos seguintes pretendem mostrar que Deus é o primeiro e o último (44.6), o Criador de todas as coisas (40.22), o Todo-Poderoso (45.13) e o único: “Antes de mim não houve nenhum outro deus e nunca haverá outro depois” (43.10).
 Diante de toda essa glória, “os seres humanos lhe parecem tão pequenos como formigas” (40.22). Todavia, esse contraste entre a grandiosidade de Deus e a pequenez do homem não significa que ele esteja distante de nós e não se interesse por nós. O mesmo salmo lembra que “aos cansados ele dá novas forças e enche de energia os fracos” (40.29). A majestade do Criador inclui o seu relacionamento com a criatura. O Todo-Poderoso coloca as formiguinhas no colo.
 Porque o “gosto pela eternidade não pode jamais ser gerado em nós por uma ginástica secularizada” (Eugene Peterson), a criatura é escrava de uma sede e fome de Deus. Assim como a corça deseja as águas do ribeirão, nós também desejamos estar na presença de Deus (Sl 42.1). Nosso maior desejo é conhecer e pensar em Deus com todo o coração e estar com ele (Sl 26.8-9).

As respostas que o Todo-Poderoso dá a esse anseio das formiguinhas é:
Eu sou o Senhor, o Deus de vocês; eu os seguro pela mão e lhes digo: “Não fiquem com medo” (Is 41.13).

 Você é pequeno e fraco, mas não tenha medo, pois eu, o Santo Deus de Israel, sou o seu Salvador e o protegerei (Is 41.14).

 Quando você atravessar águas profundas, eu estarei ao seu lado, e você não se afogará. Quando passar pelo meio do fogo, as chamas não o queimarão. Pois eu sou o Senhor, seu Deus, o Santo Deus de Israel, o seu Salvador (Is 43.1-3).

 Para libertar você, entrego nações como o preço do resgate, pois para mim você vale muito. Você é o povo que eu amo, um povo que merece muita honra (Is 43.4-5).

 Os Salmos deixam em evidência a intimidade do poeta com o Senhor:
Ó Senhor Deus, como eu te amo! Tu és a “minha” força, [...] a “minha” rocha, a “minha” fortaleza e o “meu” libertador (Sl 18.1-2).

 O Senhor é o “meu” pastor e nada me faltará (Sl 23.1).

 Ensina-me a viver de acordo com a tua verdade, pois tu és “meu” Deus, o “meu” Salvador. Eu sempre confio em ti (Sl 25.5)

 Por que estou tão triste? Por que estou tão aflito? Eu porei a minha esperança em Deus e ainda o louvarei. Ele é o “meu” Salvador e o “meu” Deus (42.5)

 Quando alguém, como o salmista, usa o possessivo “meu” para falar com ou sobre o Todo-Poderoso, ele demonstra certo grau de intimidade com o Senhor. Em meio às suas agruras, Jó afirma: “Eu sei que o ‘meu’ redentor vive” (Jó 19.25). Quando se livra da incredulidade, Tomé, estarrecido, só consegue balbuciar cinco palavras: “Senhor ‘meu’ e Deus ‘meu’!” (Jo 20.28).
 Essa intimidade entre o Todo-Poderoso e as formiguinhas será plena e eterna “quando vier o que é perfeito” (1Co 13.10). Ela aparece quando a igreja declara: “O ‘meu’ amado é ‘meu’ e eu sou do ‘meu’ amado” (Ct 2.16). E também quando o Todo-Poderoso promete: “Eu serei um templo para abrigar vocês” (Is 8.14).
 De fato, na visão do Apocalipse, João revela: “Não vi nenhum templo na cidade [a Nova Jerusalém], pois o seu templo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, e o Cordeiro” (Ap 21.22). Nesse templo, as formiguinhas adorarão o Todo-Poderoso, verão o seu rosto e não precisarão da luz do candelabro nem da luz do sol, pois o Senhor brilhará sobre elas para todo o sempre (Ap 22.3-5)!

Extraído de: Revista Ultimato – Edição 336

domingo, 16 de setembro de 2012

Levi, um Modelo de Homem de Deus!


Um sacerdote deve ensinar a verdade ao seu povo,
 caso contrário, o povo inventará sua própria verdade. 

Em uma época em que se profanava a santidade de Deus, em que o culto ao Eterno não era levado a sério, quando se oferecia oferta a Deus de forma desonrosa, quando a adoração ao Senhor não era prioridade em que a melhor a fazer seria fechar as portas do templo com tranca, o Eterno menciona um homem, um sacerdote, seu nome era Levi.
O livro do profeta Malaquias é muito atual. Certamente esta seja uma das características de que a Bíblia é a Palavra de Deus. O tempo passa, mas ela permanece. Geralmente nos momentos de calmaria em nossa vida tendemos a relativizar as prioridades e práticas devocionais referentes ao nosso relacionamento com Deus. Passamos a preocupar muito conosco mesmo, supervalorizamos nossos desejos como se Deus, o Eterno, fosse alheio à nossa existência. O profeta Malaquias, como boca de Deus, teve que denunciar estas coisas. Fazendo jus ao significado do seu nome, “meu mensageiro”, o projeta exortou severamente o povo.
Deus usou o profeta Malaquias para evocar um modelo de sacerdote para que servisse de referencial para aqueles homens que desdenhavam do ofício. Deus evocou Levi. As características mencionadas por Deus se referindo a este sacerdote nos leva à reflexão mais profunda. Deus havia feito uma aliança com Levi e tinha interesse em revitalizar esta aliança. O projeta nos faz entender que Levi honrou a aliança feita. Talvez este princípio seja um dos mais desprezado em nossos dias como o era na época do profeta Malaquias. Honrar aliança não é algo importante atualmente. Talvez porque a aliança subtende compromisso das partes envolvidas. Um relacionamento interpessoal exige fidelidade, compromisso, cumplicidade e amor. Como sacerdote Levi honrou a aliança feita com Deus, pois entendia que o propósito era vida e paz. Aliança honrada produz vida e paz. Não é possível ser verdadeiramente feliz sem honrar as alianças feitas. Esta é a principal razão da infelicidade humana. Deus lembrou ao profeta Malaquias para que este, por sua vez, lembrasse ao povo que Levi viveu com reverencia e temor diante Dele. Não há apenas uma falta de respeito dos filhos para com seus pais ou, com os mais velhos, como deveria ser. Há em nossos dias, principalmente por parte da religião, uma falta de reverência para com Deus sem procedência. As pessoas não têm reverência para com Deus, não O tratam como o devido respeito. Deus é para muitos um “cara” o “homem lá de cima” ou coisa do gênero. O temor do Senhor não é medo de Deus, pois, o medo faz com que nos afastemos de algo. Mas, o temor de Deus, faz com que dEle queiramos nos aproximar. Deus, falando ainda sobre Levi, disse que ele ensinou a verdade e não mentiu. Um sacerdote deve ensinar a verdade ao seu povo, caso contrário, o povo inventará sua própria verdade. As pessoas olham para os sacerdotes e esperam orientação. O sacerdote é um mensageiro de Deus e se ele não ensina a verdade, grande confusão predominará. A verdade de Deus deve ser anunciada de forma imparcial, sem bairrismo denominacional e sem protecionismo religioso. Verdade é verdade para todos!
Levi também andou com Deus em paz e retidão, protegeu muitos, impedindo que caíssem na valeta, e assim os manteve na estrada. Semelhantemente aos dias do profeta Malaquias, muitos sacerdotes perderam o referencial, não desfrutam da paz de Deus e, consequentemente, não podem proteger os outros como é próprio de um sacerdote fiel. Por conta disso muitos saem do caminho, não têm como se manter na estrada. Alguns que nesta estrada já trilhavam há muitos anos, hoje se encontram bem longe do caminho.
Nesta época em que se profanava a santidade de Deus, em que o culto ao Eterno não é levado à série como deveria, carecemos de referenciais, modelos, arquétipos sacerdotais. Precisamos de graça para imitá-los a fim de que a porta do templo se mantenha aberta e no seu interior a adoração aceitável pelo Eterno.

Escrito por: Ricardo Mota
Extraído de: http://www.ipb.org.br

sábado, 15 de setembro de 2012

"Firme nas Promessas" - HC 107


HISTÓRIA

Publicado pela primeira vez em 1886, em Songs of Prefect Love (Hinos do Perfeito Amor), o hino "Firme nas Promessas" baseia-se em II Pedro 1:4, que afirma que o Senhor Jesus "nos tem dado suas preciosas e grandíssimas promessas, para que por eles vos torneis participantes da natureza divina".
Este hino é muito cantado em todo o Brasil e dá testemunho do cumprimento destas promessas do nosso Senhor. Expressa a nossa firmeza em confiar nestas promessas e testifica da vitória que o Espírito nos dá ao confiarmos.
O autor e compositor, Russel Kelso Carter, nascido em Baltimore, Maryland, EUA, em 1849, foi um homem de muitas habilidades e assim se envolveu em diversos interesses e carreiras. Estudou numa academia militar, onde brilhou como atleta. Por alguns anos, foi professor de ciências na mesma instituição. Interrompeu essa careira para criar ovelhas na Califórnia. Foi ordenado pastor metodista e participou do movimento holiness (igrejas com ênfase especial em santificação).
Autor prolífico nas áreas de ciências, matemáticas e religião, Carter também escreveu algumas novelas. Junto com B. Simpson, publicou Hymns of the Christian Life (Hinos da Vida Cristã), o hinário da Aliança Cristã e Missionária, em 1891. Para este, ele mesmo contribuiu com letra e música de 44 hinos, com letra de 12, com música de outras 24 letras e fez os arranjos ou adaptações de mais 25 músicas. Depois de alguns anos de ministério pastoral, estudou medicina e exerceu esta profissão na cidade de Baltimore, até seu falecimento em 1926.
Graças a dois respeitados pesquisadores, sabemos agora que o missionário norte americano, Mark E. Carver (séc. XIX) foi o primeiro tradutor deste hino para o português. A autora Betty Antunes de Oliveira descobriu em Manaus, AM o antigo hinário Os Cânticos dos Christãos, publicado em 1891, por Carver, e usado pela Missão Bethesda, fundada por ele em Manaus, AM. A senhora Betty mandou uma cópia xérox do hinário a Rolando de Nassau, em 1981. Depois de pesquisa recente, Nassau atribuiu a Carver a tradução de Firme nas Promessas, feita em 4 de novembro de 1897. Conhecendo bem a história de como os hinos são passados de mão em mão, sem referência aos escritores ou tradutores, é fácil entender como a tradução de Carver foi publicada em O Jornal Batista, em 20 de julho de 1911, sem atribuí-la a ele.
O Rev. Mark E. Carver, colega do destacado missionário e hinista Justus Henry Nelson, veio ao Brasil como missionário da Missão Metodista Episcopal do Norte do EUA. Como Nelson, Carter desligou-se dessa Missão e, fundando a Missão Bethesda em Manaus, dedicou sua vida tanto naquela cidade como na vasta região do Amazonas. Deve ter conhecido bem os missionários Eurico Nelson e Salomão Ginsburg e o trabalho batista ali. Carver trabalhou com o evangelista Juvêncio Paulo de Mello entre os índios ipurinã e aruaque.
Carver escreveu e traduziu muitos hinos. Seu hinário, Os Cânticos do Christãos, incluiu 26 traduções dele. Rolando de Nassau identificou mais duas que aparecem no Cantor Cristão (números 201 e 286). Tanto Carver como o Pr Mello também escreveram alguns hinos indígenas. "Na década de vinte a Missão Bethesda transformou-se na Igreja Evangélica Amazonense" .

Marcos Antônio canta: "Firme nas Promessas".

FIRMES NAS PROMESSAS
Letra e Música: Russell Kelso Carter, 1886
Tradução: Mark E. Carver

Firme nas promessas do meu Salvador,
Cantarei louvores ao meu Criador;
Fico na dispensação do Seu amor,
Firme nas promessas de Jesus.

Coro
Firme, Firme,
Firme nas promessas de Jesus, o Cristo;
Firme, firme,
Sim, firme nas promessas de Jesus.

Firme nas promessas, hei de não falhar,
Quando as tempestades, vêm me assolar;
Pelo Verbo vivo, hei de batalhar.
Firme nas promessas de Jesus.

Firme nas promessas, sempre vejo assim,
Purificação no sangue, para mim;
Plena liberdade em Jesus sem fim.
Firme nas promessas de Jesus.

Firme nas promessas do Senhor Jesus,
Em amor ligado com a Sua cruz.
Cada dia mais alegro-me na luz.
Firme nas promessas de Jesus.


STANDING ON THE PROMISES
Words & Music: Russell Kelso Carter, 1886

Standing on the promises of Christ my King,
Through eternal ages let His praises ring,
Glory in the highest, I will shout and sing,
Standing on the promises of God.

Refrain
Standing, standing,
Standing on the promises of God my Savior;
Standing, standing,
I’m standing on the promises of God.

Standing on the promises that cannot fail,
When the howling storms of doubt and fear assail,
By the living Word of God I shall prevail,
Standing on the promises of God.

Standing on the promises I now can see
Perfect, present cleansing in the blood for me;
Standing in the liberty where Christ makes free,
Standing on the promises of God.

Standing on the promises of Christ the Lord,
Bound to Him eternally by love’s strong cord,
Overcoming daily with the Spirit’s sword,
Standing on the promises of God.

Standing on the promises I cannot fall,
Listening every moment to the Spirit’s call
Resting in my Savior as my all in all,
Standing on the promises of God.


Extraído de: http://harpacrista-fragmentos.blogspot.com.br
Bibliografia: Nassau, Rolando de. Os Hinos de Carter, Rio De Janeiro:O Jornal Batista, nº32-Ano XCH, 9 de agosto de 1992. p. 2

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

As más notícias nos perseguem a vida inteira.


Há boas notícias e más notícias. A mídia dá mais espaço para as más do que para as boas. Estranhamente as más notícias vendem mais do que as boas notícias. Estas ficam num canto qualquer do jornal e aquelas, na primeira página.
A má notícia acaba com a alegria, causa desânimo, abre caminho para o álcool e para a dependência química, adoece o corpo e a alma, provoca revolta contra tudo e contra todos, gera traumas de difícil cura, afasta a criatura do Criador, cria uma espécie de cinismo frente à vida, fomenta o suicídio. Mesmo assim, parece que nos acostumamos de tal modo com as más notícias que não podemos viver sem elas.
Somos obrigados a admitir que a vida é um rosário de más notícias. Mal ouvimos uma, outra vem em seguida. Algumas são mais ou menos esperadas. Outras, as mais freqüentes, vêm de surpresa. Elas não param, não dão descanso. Acontecem sempre, ora com menor ora com maior intensidade. As más notícias podem afetar uma pessoa apenas, uma família apenas, uma região apenas, uma nação apenas ou o mundo inteiro.
O mesmo acontecimento pode ser má notícia para uma pessoa e boa notícia para outra. Para a mulher que se descuidou, a gravidez é uma notícia embaraçosa; para a mulher que está ansiosa para ser mãe, a gravidez é motivo de ação de graças. Para o portador de uma doença incurável e sofrida, a morte pode ser uma notícia boa; mas para quase todos, ela é sempre uma má notícia. Para a maioria dos terroristas muçulmanos a derrubada das Torres Gêmeas é uma notícia fantástica. Para a maioria dos americanos a captura e o enforcamento de Saddam Hussein é uma notícia fantástica. A falência de uma empresa pode ser uma péssima notícia para os seus associados e uma ótima notícia para o seu concorrente. Este é o nosso complicado mundo, que manipula inclusive as boas e as más notícias.
O tsunami de dezembro de 2004, um fenômeno da natureza revoltada e revolta que destruiu dezenas de localidades litorâneas da Indonésia e outros países, e provocou milhares de mortes, foi algo aterrador. Não menos trágicos foram os recentes acidentes aéreos em território brasileiro que provocaram a queda do Boeing da Gol (setembro de 2006) e do Airbus da TAM (julho de 2007). Entre os mortos do segundo avião, havia tanto crianças ainda no ventre de suas mães como mulheres idosas acima de 80 anos.
Mas não se deve pensar que as más notícias são apenas aquelas que dizem respeito a grandes catástrofes, como terremotos, maremotos, erupções vulcânicas, enchentes, secas, tornados, conflitos bélicos, fome, desastres atômicos, pestes e epidemias, e acidentes terrestres, marítimos, aéreos e espaciais. São más notícias quando se descobre que os homens que elegemos são corruptos, os filhos que geramos tornaram-se dependentes ou traficantes de drogas, a pessoa com a qual nos casamos mantém um relacionamento extraconjugal, os pastores que convidamos para nos pastorear não vivem aquilo que pregam, as pessoas que chamamos de amigos chegados estão atrás de nossos bens. E assim por diante.
As más notícias são companhia inevitável. Elas acompanham, perseguem e amofinam o ser humano a vida inteira. Praticamente todos os personagens da Bíblia tiveram de lidar com más notícias, principalmente com aquelas que dizem respeito à decepção causada pelo comportamento não-ético.
Quem acumulou o maior número de más notícias no transcurso da vida deve ter sido Jacó. Ele soube, logo de manhã, que a mulher com quem havia passado a sua noite de núpcias não era a amada Raquel, mas Lia, a irmã dela (Gn 29.16-30). Soube que o irmão gêmeo Esaú, vinte anos depois do roubo de seus direitos de primogenitura, vinha ao seu encontro para vingar-se na companhia de quatrocentos homens armados (Gn 32.1-6). Soube que sua filha Diná fora violentada pelo filho do rei de Canaã (Gn 34.1-4). Soube que seus filhos Simeão e Levi haviam se vingado do estuprador da irmã, matando à traição todos os homens daquela cidade, inclusive Siquém (o culpado) e seu pai (Gn 34.13-31). Soube que Rúben, o filho mais velho, havia desonrado o seu leito, deitando-se com Bila, sua terceira esposa (Gn 35.22; 49.3-4). Soube do desaparecimento de José, seu filho predileto, dito como devorado por um animal selvagem (Gn 37.18-35). Soube do escândalo sexual envolvendo Judá, seu quarto filho, e Tamar, duas vezes viúva de dois de seus netos (Gn 38.12-30).
Moisés subiu o monte Sinai e lá permaneceu quarenta dias e quarenta noites (Êx 24.18). Ainda estava lá quando recebeu más notícias: o povo de Israel havia se corrompido ao ponto de construir um bezerro de ouro diante do qual se encurvou e ao qual ofereceu sacrifícios, à semelhança dos povos idólatras (Êx 32.1-8). Pouco depois, outra má notícia chegou ao conhecimento de Moisés: a imoralidade sexual comunitária e pública de milhares de israelitas com mulheres moabitas e midianitas (Nm 25.1-18; 1 Co 10.8).
E assim vai. A lista daqueles que receberam má notícia parece não ter fim. A infidelidade de Acã foi má notícia para Josué e todo o povo (Js 7.1). A violência sexual dos benjamitas contra a mulher do levita, que culminou com a morte dela, foi má notícia para todas as tribos (Jz 19.22-30). A conduta escandalosa de Hofni e Finéias foi má notícia para o pai deles, o sacerdote Eli (1 Sm 2.12-36). O caso de Davi com Bate-Seba e o assassinato do marido dela foram más notícias para toda a cidade de Jerusalém (2 Sm 11.1-27). A loucura sexual cometida por Amnom contra a meia-irmã Tamar e o assassinato cometido por Absalão contra seu meio-irmão Amnom foram más notícias para Davi e toda a sociedade israelita (2 Sm 13.1-39). A traição de Judas foi má notícia para todos os apóstolos e discípulos de Jesus (Jo 13.18-30). A mentira de Ananias e Safira foi má notícia para toda a comunidade cristã primitiva (At 5.1-11). As divisões na igreja em Corinto e muitas outras confusões que ali aconteciam eram más notícias para Paulo (1 Co 3.1-4).
Somente as boas notícias podem contrabalançar e fazer frente às más notícias. As boas notícias de um Salvador; as boas notícias do perdão, da conversão e da habitação do Espírito em nós; as boas notícias da oração, da consolação e da esperança; as boas notícias de novos céus e nova terra; as boas notícias da ressurreição da carne e da transformação do corpo; as boas notícias da plenitude da salvação. A boa notícia do paraíso recuperado desmonta, desfaz e cancela a má notícia do paraíso perdido. O crente que não nega as más notícias nem as boas notícias, mas se deixa influenciar mais por estas do que por aquelas, sabe oferecer resistência às más notícias. E, a despeito de tudo, é feliz!

Extraído de : Revista Ultimato – Edição 308

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Remorso ou Arrependimento?


Remorso e arrependimento são constantemente confundidos. Mas, como diferenciar um do outro? E como reconhecer aquele que nos dói mais? Tais questionamentos me foram apresentados por uma pessoa que estava sofrendo muito por ter praticado atos reprováveis no meio religioso em que vivia. Não sabia o que dizer na hora, mas assumi o compromisso de pensar a respeito. Com o assunto na mente, foi impossível deixar de lembrar o que ocorreu com Pedro e Judas Iscariotes, dois discípulos de Cristo mencionados nos evangelhos. Os dois, cada um ao seu modo, traíram seu Mestre – e tiveram reações totalmente diferentes diante das consequências do que fizeram.
É importante lembrar que há muitos arrependimentos que giram apenas em torno do sentimento ruim que nos acomete quando alguém que amamos ficou magoado conosco. Então, nos “arrependemos” apenas para ficar bem com o ofendido. Não há nenhum convencimento intrínseco de que aquele comportamento não devia ter acontecido – o que existe é apenas um mal estar pelo afastamento da pessoa ferida. E o lamento, assim como o pedido de desculpas ou perdão, é apenas a tentativa de reatar um relacionamento interrompido. Esse tipo de atitude não é nem arrependimento e nem remorso: é só um jeito de tentar manter um relacionamento a qualquer custo.
Falo aqui em relação ao arrependimento e remorso que são marcados pelo sofrimento horroroso e intenso. O mundo fica pequeno para o tamanho de tal angústia; não se tem para onde ir e, muito menos, como fugir. O que diferencia um do outro não é a quantidade de dor – nas duas situações, há o lamento e o reconhecimento de que o ato praticado não deveria ter acontecido. A diferença principal é a forma como se lida com a culpa oriunda do mal praticado. Neste sentido, Judas Iscariotes e Pedro nos ajudam muito.
Diante da condenação de Jesus, Judas reconheceu que traiu um inocente. Ato contínuo, ele resolve devolver às autoridades o dinheiro recebido como pagamento por ter levado os guardas até Cristo. Contudo, as trinta moedas de prata, consideradas preço de sangue, não foram aceitas de volta. Então, o traidor atira o dinheiro contra os pagantes e, desesperadamente, coloca fim à sua angústia de viver com o peso de ter feito o que não devia tirando a própria vida. Ele quis reparar seu erro, primeiramente, sofrendo o prejuízo pelo dinheiro devolvido; depois, tentou pagar com os próprios recursos pelo mal causado. Não conseguiu, simplesmente porque não havia como pagar pelo dano que causara.
Pedro, por sua vez, também sofreu pelo que fez. E muito. Ele chorou de maneira amarga quando seu olhar se encontrou com os olhos amorosos de Cristo. Naquela madrugada em Jerusalém, é possível que Pedro também tenha desejado não estar vivo para fazer o que fez. Afinal, era melhor morrer do que cometer o mal contra aquele que mais o tinha amado. Mas não há, no comportamento de Pedro, nada que indique que ele tenha tentado pagar pelo mal que havia feito. O discípulo faltoso devia saber que nada neste mundo, humanamente falando, poderia apagar as consequências de sua ofensa.
Contudo, Pedro não dá cabo da própria vida. E resolve voltar às redes de pesca, sem saber que logo haveria um novo encontro com Jesus. Ali, na praia, Pedro reconhece que Cristo é o Todo-poderoso que sabe todas as coisas e que ele, o discípulo regenerado, pouco tem a oferecer. Nestas condições, o Filho de Deus o aceita e delega a ele a missão mais importante na história do cristianismo: a continuidade da fé cristã e o cuidado para com os fiéis.
Há erros irreparáveis que cometemos na vida. Todos estamos sujeitos a eles. E há coisas que praticamos, das quais nos arrependemos, que não podem ser refeitas. Sobra, então, o peso dos danos – os que infligimos aos outros e os que causamos a nós mesmos. Remorso é a condenação de ficar remoendo o preço impossível de pagar. Ninguém suporta viver assim sem causar danos para si mesmo. Mas uma das coisas mais significativas e libertadoras da fé cristã é a possibilidade que temos de jogar sobre a cruz erguida no Calvário todo e qualquer peso dos erros impossíveis de serem reparados. Arrependimento é o lamento mental, físico e emocional de que tal ato não deveria ter sido praticado; é o sofrimento de todo o ser, de tal forma que não há mais o desejo de que tal comportamento volte a acontecer. E o reconhecimento de que, no sacrifício vicário de Cristo na cruz, o preço foi pago e o saldo da dívida, zerado. A única energia gasta é para a possibilidade de uma mudança radical.

Escrito por: Esther Carrenho
Extraído de: http://cristianismohoje.com.br

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

"Ditosa Cidade" - Shirley Carvalhaes (1984)


DITOSA CIDADE
Letra e Música: Mizael Nascimento

A ditosa cidade deve ser linda
Se eu pudesse eu iria pra lá agora
Veria o Senhor frente a frente
Cantaria naquele imenso coral

Veria anjos e querubins ali
Reunidos, cantando hosanas ao Rei.
Breve, este meu pensamento.
Será realidade, pois pra lá voarei.

Veria ainda todos os discípulos
Que andaram por aqui pregando a palavra
Imagino abraçar Paulo e Tiago
Ver João, Abraão, Isaque e Jacó.

Irmão, se ficarmos em comunhão com Cristo.
Naquela linda cidade nós iremos morar
Veremos o Senhor frente a frente
Cantaremos naquele imenso coral

Seremos anjos e querubins ali
Reunidos, cantando hosanas ao Rei.
Teremos somente prazer
E muita alegria para sempre
Amém!!!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Não Pare no Meio do Caminho!


A largada já aconteceu, mas a premiação ainda não. Um bom espaço já foi percorrido, mas a caminhada ainda não terminou. Talvez estejamos no meio do caminho. Ou, quem sabe, mais próximos do ponto de chegada do que do ponto de partida. O certo é que ninguém pode parar onde está. Já viemos à luz, já nascemos, mas não podemos continuar crianças em Cristo, tomando leite e sopinhas, usando fraldas, andando no colo da mãe ou de carrinho de bebê. Precisamos passar do alimento líquido para o alimento sólido, da infância para a maturidade (1 Co 3.1-5).
É isso que Paulo ensina na Epístola aos Filipenses. Fomos alcançados ou conquistados por Cristo em alguma ocasião recente ou remota. Foi o solene início de tudo. Estamos caminhando, mas precisamos caminhar mais. Graças a Deus, alcançamos vários estágios, mas há outros estágios para alcançar. Alcançamos a salvação, mas falta alcançar o padrão de conduta estabelecido pelo próprio Senhor, isto é, a perfeição, e também o prêmio final. Não na reta final, mas na chegada, ele “transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu corpo glorioso” (Fp 3.21). Animemo-nos, pois, e ponhamo-nos outra vez a caminho.
No caso de Paulo, ele foi alcançado por Cristo quando estava a caminho de Damasco. Começou a crescer, amadurecer, fortalecer-se, adquirir ricas experiências e acumular muitas convicções inabaláveis. Mas, por volta do ano 61, quando estava preso, talvez em Roma, escreveu aos filipenses que ainda não tinha parado de correr, ainda estava a caminho do alvo. Além dessa confissão honesta e modesta, o apóstolo revela sua estratégia pessoal para continuar a bem-aventurada corrida: “Uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13-14).
Os três verbos da estratégia paulina são formidáveis: esquecer, avançar e prosseguir. Expressam ação inteligente e bem-sucedida.
É preciso esquecer o caminho já percorrido, prescindir do passado para atirar-se ao presente, deixar atrás o passado. Tanto o passado coberto de insucesso como o passado coberto de sucesso. É preciso deixar para trás o passado pecaminoso porque ele é assunto já liquidado e resolvido pela confissão e pelo perdão. É preciso deixar para trás o passado vitorioso para moderar a euforia da vitória e enxergar os desafios seguintes.
É preciso avançar para o que está à frente, ansiar com todas as forças e estender as mãos para qualquer coisa que se depara à frente. Para tanto é estritamente necessário ouvir mais uma vez aquela palavra do Senhor a Moisés, quando o povo de Israel estava diante do Mar Vermelho: “Diga aos israelitas que sigam avante” (Êx 14.15).
É preciso prosseguir, correr diretamente atrás do alvo. A Tradução Ecumênica da Bíblia usa a expressão “arremeter rumo à meta”, que significa arrojar-se, lançar-se, atacar com ímpeto ou fúria. Por isso mesmo coloca também na boca de Paulo: “[Eu não alcancei o que preciso alcançar], mas arremeto para tentar alcançá-lo” (Fp 3.12). Prosseguir em direção ao alvo é a mesma coisa que “perseguir o alvo”, como se encontra em outra versão.
O alvo, o prêmio, a coroa, são a plenitude da salvação, a salvação completa, que vai além da libertação da culpa e do poder do pecado. O alvo é a consumação da salvação, que inclui também a libertação da presença do pecado, tanto através da ressurreição do corpo como da criação de novos céus e nova terra.
Não podemos parar no meio do caminho, entre a largada e a chegada. É preciso terminar a caminhada e agarrar o alvo com as duas mãos!

Extraído de: Revista Ultimato – Seção: Pastorais – Edição 308

"Deus é Maior" - Ministério Intimidade.




"Tudo o que Jesus conquistou na Cruz" - Ministério Intimidade.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Perguntas que Equilibram as Emoções.


Vivemos um tempo em que é muito fácil perder o equilíbrio emocional e espiritual. Uma dificuldade que muitos cristãos enfrentam é aceitar a realidade e responder a ela apropriadamente. Nossas reações emocionais emergem da forma como pensamos sobre a vida e os acontecimentos. Não são as realidades externas que nos perturbam, mas o julgamento que fazemos sobre elas. Sobretudo, a forma como cremos que Deus participa delas.
O apóstolo Paulo, em carta aos cristãos que viviam na capital do Império Romano, faz quatro perguntas retóricas que nos ajudam a construir uma estrutura espiritual capaz de produzir em nós sentimentos e atitudes verdadeiros diante das diferentes situações e experiências.
Primeira pergunta: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. Sabemos que existem muitas coisas “contra nós”. Existem acidentes, doenças, mortes. Existem crises econômicas e políticas. Existem fofocas, mentiras, calúnias, traições. Paulo não está afirmando que nada disso vai acontecer conosco. Acontecem com todos os santos. Podemos sofrer as frustrações de um divórcio, a angústia da demissão ou a desilusão em relação aos amigos. Tudo isto atua “contra nós”. Porém, a pergunta de Paulo é: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”.
Como reagimos emocionalmente a estas situações? Fugindo? Vitimando-nos? Responsabilizando os outros? Duvidando de Deus? A verdade que compõe a estrutura espiritual de Paulo é que Deus é por nós. O Deus Criador de todas as coisas, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, é por nós. Paulo estava seguro desta verdade, e tal convicção moldava seu pensamento e, consequentemente, seus sentimentos e emoções.
Segunda pergunta: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?”. A ansiedade é um dos grandes males do nosso tempo. Porém, quando achamos que estamos perdendo alguma coisa, Paulo nos convida a perguntar: Se na cruz Deus nos deu o melhor, por que o medo de perder algo? Confiamos que ele nos dará tudo de que precisamos? A verdade que sustenta a vida de Paulo é: o Deus que nos deu o que tinha de mais precioso não deixará de nos dar nada que nos seja necessário.
Como reagimos emocionalmente ao sentimento de que algo está faltando? Davi responde: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”. Como Paulo, ele confiava no Deus que ama e supre cada uma de nossas necessidades.
Terceira pergunta: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?”. Somos constantemente afligidos por sentimentos de culpa. Para Paulo, se Cristo nos justifica, quem pode nos condenar? O veredicto que ele apresenta não é baseado no que temos feito, mas no que Cristo fez. As pessoas podem nos acusar, cobrar ou condenar, mas isto pode mudar alguma coisa? O único que de fato pode nos acusar é o mesmo que nos justifica.
O nosso maior problema não são os outros, somos nós. Uma grande liberdade emocional nasce do simples fato de nos fazer esta pergunta: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?”.
Quarta pergunta: “Quem nos separará do amor de Cristo?”. Aqui Paulo fala de situações que podem nos fazer sentir que Deus se esqueceu de nós. Tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada -- situações que ele viveu. São experiências com grande potencial de nos fazer sentir abandonados. De onde vêm estes sentimentos? Destes eventos ou do que pensamos sobre eles? Podem estas circunstâncias nos separar do amor de Cristo? Para Paulo, não.
Nossas respostas aos fatos não são determinadas por eles, mas pelo julgamento que fazemos deles. Se julgarmos que uma provação tem o poder de nos afastar do amor de Deus, certamente nos afastará. Se julgarmos que alguém pode levantar uma acusação contra nós e nos fazer sentir culpados, certamente isto acontecerá. Fazer tais perguntas não muda as circunstâncias, mas muda a forma como as vemos ou julgamos. Ao fazê-las, adquirimos uma perspectiva correta e amadurecemos nossos sentimentos.


Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Pedras Que Falam.

Parece um monte de pedras.
Mas se você descobrir o que é aquilo para o que está olhando,
vai ver que é muito mais.
Todo verão eu faço uma viagem sozinha. Meu maior medo é de me perder, por isso geralmente escolho uma ilha. Consequentemente eu sei que vou parar na beira da praia para tomar um ponto de referencia. Para amparar minha coragem sempre tenho um mapa à prova d’água e duas bússolas – uma presa na minha jaqueta e a outra na minha mochila.
Uma bússola não ajuda muito se você esquecer o caminho, e muitos desses caminhos são feitos de pedra com uma camada fina de capim e flores. Quando se caminha entre pedras, você tem apenas a intuição para encontrar o caminho. Mas a intuição vai te levar somente até aqui.
Quando minha intuição falha, eu procuro por pistas; pequenas pilhas de pedras que outras pessoas deixaram em lugares cruciais para mostrar o caminho. Essas pistas podem ser facilmente proveitosas; pequenas pedras amontoadas. Algumas são artísticas, maravilhosamente arranjadas. Normalmente, as pistas são deixadas pelos primeiros mochileiros que passam pelo caminho durante uma temporada. Eles erraram o caminho, erraram de novo, até acharem a direção certa. Depois, eles retrocederam e construíram a pilha de pedras para mostrar o caminho aos futuros peregrinos.
É fácil perder uma pista. Para enxergá-las eu tenho que prestar muita atenção. Achar pistas tem me poupado rodeios desnecessários e desistências. Se você tiver carregando quinze, vinte quilos, vai ficar feliz por qualquer passo economizado. Você vai ter mais energia e menos frustrações para prosseguir a jornada.
Descobri que a vida espiritual é cheia de pistas. Indicações que me mostram o caminho a seguir. As pistas espirituais são como as pistas de pedra. Cada uma é singular. A maioria delas aparece quando estou perdida. Todas me levam para adiante.
Algumas vezes, a pista pode ser uma pessoa que oferece uma palavra inesperada de encorajamento. Certa vez, uma pista veio de uma mulher mais experiente do que eu, cujo trabalho e vida admiro. Lamentei pelo fato de estar totalmente fora do culto. Não gostei das músicas, da pregação. Eu estava insatisfeita até com o arranjo de flores no altar.
“Oh, querida”, ela disse com sua doce voz, “você não está sozinha, escritores têm momentos terríveis no meio de pessoas”. Palavras simples, mas iluminadoras. Talvez não fosse minha igreja que estivesse mal, talvez fosse minha vida espiritual que estivesse ruim. Talvez eu estivesse tão presa que a igreja estava se tornando problemática para mim.
Ela não estava me contando aquilo porque a igreja era desagradável, eu era livre para ir embora. Ela estava me contando... Bem, isso iria se tornar desagradável. Eu a respeitei - ela é uma escritora maravilhosa, e uma irmã muito ativa na nossa igreja, e quando ela disse que eu deveria viver em comunidade, ouvi. Paradoxalmente, agora a igreja é simples porque sei que não sou a única que acho isso complicado. Essa pista, suas palavras, me ajudou a encontrar uma direção.
Algumas pistas podem vir das escrituras, especialmente dos Salmos. Os Salmos me fazem lembrar que está tudo bem em se irritar, chorar, questionar, sabendo que Deus possui as respostas mesmo que eu não tenha. Ao invés de me manter imobilizada, eu posso continuar prosseguindo.
Músicas também podem ser pistas. Um exemplo para mim é um antigo hino, “Seja minha visão, Ó Senhor do meu coração, Seja tudo, mas não para me salvar por tua arte, Seja meu melhor pensamento no dia e na noite, Assim como caminhando e dormindo em Tua presença, minha luz”. Uma pista pode ser algo que já cantei, ou vi, ou ouvi antes, mas que toma um novo sentido por causa de uma situação específica ou de uma época em especial. Eu não precisava dessa pista antes. Mas ela estava lá quando eu precisei. Isso me ajudou a dar mais um passo à frente.
Às vezes, uma pista pode ser um livro que nos revela algo na hora certa. Pilgrim at Tinker Creek, de Annie Dillard, me ajudou a lidar com o sofrimento, quando eu sentia que Deus e o sofrimento eram incompatíveis. Quando senti que a minha vida era uma repetição de tarefas mundanas, Praticando a presença de Deus, do Irmão Lourenço,me fez lembrarque lavar a louça e preparar o almoço são atos de adoração. Divine Hours, de Phyllis Tickle, me convidou a estabelecer um momento para oração. 
Os poetas e seus poemas podem dar pistas também. Os poemas de Mary Oliver me recordam que eu preciso prestar atenção. A poesia de Wendell Berry me leva a viver em comunidade. Os poemas de Jane Kennyon refletem suas lutas contra a depressão, mas ele continuou escrevendo e amando Deus. Até John Updike, cujos poemas me lembram que há beleza na escassez. Cada um desses livros, músicas, poemas, pessoas, e a escritura... Cada uma dessas pistas estavam no lugar certo, na hora certa, e me ajudaram a prosseguir na minha jornada espiritual.
Não há nada muito atraente em pedras que são pistas. A maioria delas são feitas de tons cinza e preto. Se encontrasse uma pelo caminho eu não daria a mínima. Tão desgastada. Tão antiga. Por isso é que essas pedras são juntadas, por isso que alguém gasta tempo para arrumá-las em beneficio de outros, isso as torna valiosas.
Quando você usa pistas para se guiar em um caminho, surge uma expectativa. Se você encontrar um montinho de pedras desarrumado, você vai parar e reorganizar da melhor forma que puder. Isso assegura um trajeto melhor para aqueles que seguem você, mesmo que isso atrase sua jornada.
Cada dia traz seu desafio. Eu decido ceder um espaço para prestar atenção e achar as pistas que me apontam o caminho. Eu sei que vou me perder às vezes. Mas, a cada passo que dou, me conforta saber que alguém esteve ali antes e marcou o caminho para casa.

Escrito por: Cindy Crosby
Traduzido por: Yuri Nikolai
Copyright por: Christianity Today International