No belíssimo Salmo de Isaías, o
profeta exalta a grandeza e majestade de Deus. Ele faz várias e profundas
perguntas:
Quem mediu a água do mar com as
conchas da mão ou mediu o céu com os dedos? Quem, usando uma vasilha, calculou
quanta terra existe no mundo inteiro? Com quem Deus pode ser comparado? Com o
que ele se parece? Quem é igual a ele? Olhem para o céu e vejam as estrelas.
Quem foi que as criou? (Is 40.12-26).
O salmo e os versículos seguintes pretendem
mostrar que Deus é o primeiro e o último (44.6), o Criador de todas as coisas
(40.22), o Todo-Poderoso (45.13) e o único: “Antes de mim não houve nenhum
outro deus e nunca haverá outro depois” (43.10).
Diante de toda essa glória, “os seres humanos
lhe parecem tão pequenos como formigas” (40.22). Todavia, esse contraste entre
a grandiosidade de Deus e a pequenez do homem não significa que ele esteja
distante de nós e não se interesse por nós. O mesmo salmo lembra que “aos
cansados ele dá novas forças e enche de energia os fracos” (40.29). A majestade
do Criador inclui o seu relacionamento com a criatura. O Todo-Poderoso coloca
as formiguinhas no colo.
Porque o “gosto pela eternidade não pode
jamais ser gerado em nós por uma ginástica secularizada” (Eugene Peterson), a
criatura é escrava de uma sede e fome de Deus. Assim como a corça deseja as
águas do ribeirão, nós também desejamos estar na presença de Deus (Sl 42.1).
Nosso maior desejo é conhecer e pensar em Deus com todo o coração e estar com
ele (Sl 26.8-9).
As respostas que o Todo-Poderoso dá a esse
anseio das formiguinhas é:
Eu sou o Senhor, o Deus de vocês;
eu os seguro pela mão e lhes digo: “Não fiquem com medo” (Is 41.13).
Você é pequeno e fraco, mas não tenha medo,
pois eu, o Santo Deus de Israel, sou o seu Salvador e o protegerei (Is 41.14).
Quando você atravessar águas profundas, eu
estarei ao seu lado, e você não se afogará. Quando passar pelo meio do fogo, as
chamas não o queimarão. Pois eu sou o Senhor, seu Deus, o Santo Deus de Israel,
o seu Salvador (Is 43.1-3).
Para libertar você, entrego nações como o
preço do resgate, pois para mim você vale muito. Você é o povo que eu amo, um
povo que merece muita honra (Is 43.4-5).
Os Salmos deixam em evidência a intimidade do
poeta com o Senhor:
Ó Senhor Deus, como eu te amo! Tu
és a “minha” força, [...] a “minha” rocha, a “minha” fortaleza e o “meu”
libertador (Sl 18.1-2).
O Senhor é o “meu” pastor e nada me faltará
(Sl 23.1).
Ensina-me a viver de acordo com a tua verdade,
pois tu és “meu” Deus, o “meu” Salvador. Eu sempre confio em ti (Sl 25.5)
Por que estou tão triste? Por que estou tão
aflito? Eu porei a minha esperança em Deus e ainda o louvarei. Ele é o “meu”
Salvador e o “meu” Deus (42.5)
Quando alguém, como o salmista, usa o
possessivo “meu” para falar com ou sobre o Todo-Poderoso, ele demonstra certo
grau de intimidade com o Senhor. Em meio às suas agruras, Jó afirma: “Eu sei
que o ‘meu’ redentor vive” (Jó 19.25). Quando se livra da incredulidade, Tomé,
estarrecido, só consegue balbuciar cinco palavras: “Senhor ‘meu’ e Deus ‘meu’!”
(Jo 20.28).
Essa intimidade entre o Todo-Poderoso e as
formiguinhas será plena e eterna “quando vier o que é perfeito” (1Co 13.10).
Ela aparece quando a igreja declara: “O ‘meu’ amado é ‘meu’ e eu sou do ‘meu’
amado” (Ct 2.16). E também quando o Todo-Poderoso promete: “Eu serei um templo
para abrigar vocês” (Is 8.14).
De fato, na visão do Apocalipse, João revela:
“Não vi nenhum templo na cidade [a Nova Jerusalém], pois o seu templo é o
Senhor Deus, o Todo-Poderoso, e o Cordeiro” (Ap 21.22). Nesse templo, as
formiguinhas adorarão o Todo-Poderoso, verão o seu rosto e não precisarão da
luz do candelabro nem da luz do sol, pois o Senhor brilhará sobre elas para
todo o sempre (Ap 22.3-5)!
Extraído de: Revista Ultimato – Edição 336
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