A Reforma Protestante
foi muito mais do que um movimento religioso. Em 31 de outubro de 1517,
oficializou um estilo de vida. Naquela época a igreja institucionalizada estava
sobrecarregada de erros que não poderiam continuar. Algo teria que acontecer!
Práticas
religiosas como a oração pelos mortos, missas celebradas de costas para o povo,
adoração de imagens, canonização dos santos, adoração da Virgem Maria,
legalização da penitência por dinheiro, dogma da virgindade perpétua de Maria e
sua ascensão e, sobretudo, o abandono das Escrituras Sagradas deveriam ter fim.
Aprouve
ao Espírito Santo de Deus usar o monge agostiniano Martinho Lutero (1483-1546)
para protestar em meio a tanto desfio da fé bíblica. A iluminação na mente
daquele conceituado professor universitário o fez entender que a salvação é
pela fé em Cristo Jesus ,
que as Escrituras Sagradas estão acima da tradição religiosa e que todos devem
ter liberdade de consciência.
Mas,
a Reforma Protestante não foi apenas uma questão religiosa foi, também, uma
questão econômica e educacional. Com o ensino sobre “vocação”, as pessoas
aprenderam que Deus também vocaciona e capacita as pessoas para exercerem
funções não religiosas. Deus é quem capacita o médico, o jurista e outros. Tal
concepção contribuiu para mudar a vida econômica na Europa. Trabalhar, ganhar
dinheiro não mais precisaria ser interpretado como algo condenável.
A
influência da Reforma Protestante na área educacional foi ainda mais
convincente. Naquela época, os filhos deveriam trabalhar e não estudar. O sonho
dos pais não era outro a não ser ver seus filhos indo para o mosteiro, seguirem
a próspera carreira sacerdotal. Matinho Lutero ensinou a universalidade do
saber. A educação é para todos, anunciou o reformador. Os pais deveriam enviar
os filhos à escola e, se não o fizessem, estariam pecando contra Deus. O Estado
deveria providenciar os meios para que todos tivessem acesso ao saber. Os
professores deveriam ser bem preparados e bem remunerados.
A
Reforma Protestante contribuiu para mudanças religiosas, econômicas e
educacionais. O conhecimento e a prática das Escrituras Sagradas têm o poder de
gerar mudanças profundas na vida de um indivíduo e da sociedade.
Nesta
data em que comemoramos o DIA DA REFORMA PROTESTANTE questionamos se, de fato,
tal movimento faz parte de nossa religiosidade, economia e educação. Vivemos em
meio a um sincretismo religioso que nos remete às praticas religiosas da Idade
Média.
Há
uma expectativa de que Deus levante homens e mulheres para promoverem o bem
comum. Pessoas que recebam de Deus o chamado para, em diferentes funções,
exercerem o ministério sagrado. Ansiamos para que Deus “visite sua vinha” e
promova um verdadeiro avivamento no meio do seu povo, onde a crendice daria
lugar à fé, os escritos meramente humanistas dariam lugar à Bíblia Sagrada e, o
estrelismo e personalismo dariam lugar à piedade. Que venha a reforma!
Rev.
Ricardo Mota é secretário executivo
da Apecom - Agência Presbiteriana de Evangelização e Comunicação.
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