Quando pronunciamos palavras, temos sempre a opção entre sermos fonte
de boas coisas ou de coisas ruins para aqueles que nos cercam.
Nossas vidas são construídas
pelas opções que fazemos nas inúmeras bifurcações com as quais nos deparamos ao
longo da jornada. Optamos por fazer determinado curso universitário e não um
outro, por exemplo. Consequentemente, desenvolvemos amizades com certas
pessoas, e não com outras, e frequentamos determinados lugares em detrimento de
outros. Depois de formados, aquela rede de relacionamentos que formamos podem
nos levar a trabalhar em determinadas empresas, e não em outras.
Mas nossas vidas não são
construídas apenas pelas opções que fazemos. As palavras que ouvimos também
entram nesse processo. Palavras influenciam grandemente nossas escolhas ao
longo do caminho, e o que ouvimos ecoam dentro de cada um de nós. Palavras têm
o poder de nos mover aos lugares mais altos da vida; podem, por outro lado, nos
levar a situações de tristeza, escuridão e crise. Assim, uma conversa com o
filho pode determinar seu sucesso futuro; um elogio recebido do chefe pode
mudar a disposição e o futuro da carreira de um profissional; e um conselho de
amigo pode resultar na restauração de um casamento.
Palavras de carinho da mulher
para seu marido podem mudar seu ânimo diante da adversidade. E até mesmo um
frase despretensiosa, dirigida a uma pessoa numa roda de amigos, pode fazer
grande diferença àquele que a recebe. Porém, palavras podem ter efeitos
negativos. Uma crítica feita em momento inapropriado pode levar ao abandono de
uma vocação; uma difamação pode levar à destruição de uma carreira ou de uma
família; comentários levianos podem semear intrigas e sabotar amizades
desenvolvidas ao longo de anos. Por isso, precisamos reconhecer que palavras
têm grande poder – tanto para gerar as coisas mais positivas como as mais
negativas numa pessoa.
Quando pronunciamos palavras,
temos sempre a opção entre sermos fonte de boas coisas ou de coisas ruins para
aqueles que nos cercam. E tais efeitos podem determinar escolhas definitivas na
vida daqueles que ouvem. Certas vezes, não nos encontramos na posição daqueles
que proferem as palavras, mas sim, na daqueles que as escutam. Queiramos ou
não, somos constantemente alvo das palavras alheias, e não temos qualquer
controle sobre elas, muito menos sobre o conteúdo do que dizem a nós ou sobre
nós. Palavras, simplesmente, vêm ao nosso encontro, alcançam nossas mentes e
corações, gerando efeitos positivos ou negativos em nossos sentimentos e opções
ao longo da vida.
Certo amigo de muitos anos é um
especialista em gerar coisas boas através de suas palavras. Ele teve importante
participação em meus primeiros anos como pastor de uma comunidade local. Com
suas palavras, ele sempre encontrava uma forma de fortalecer minha confiança e
valorizar a forma como atuava. Mas, paralelamente aos elogios, não me poupava
das criticas necessárias. Pelo contrário – sempre dizia, com muita franqueza e
assertividade, o que considerava errado em minhas atitudes, além de pontuar
meus erros com clareza. A maneira como ele usava as palavras fez de mim uma
pessoa melhor.
Recentemente, contudo, vivi
situação oposta. Alguém proferiu palavras que me levaram a uma tristeza tão
grande que cogitei a possibilidade de abandonar todo um ministério de 25 anos.
Por quê? Porque aquelas palavras desvalorizavam tudo o que tenho feito. Não foi
uma crítica construtiva, pois nem mesmo a mim as palavras foram dirigidas:
tratava-se de um conjunto de leviandades e questionamentos sem qualquer amor,
com propósito maior de intimidar, ferir, destruir – e por muito pouco tal
propósito não foi alcançado.
Mas a sabedoria cristã aponta
noutra direção. Através de Tiago, as Escrituras nos aconselham a sermos prontos
para ouvir, tardios para falar e mais tardios ainda para nos irar, pois nossa
ira não traz à tona a justiça de Deus, conforme Tiago 1.19. Logo, precisamos
submeter as palavras que ouvimos à justiça de Deus. Isso significa que a última
palavra acerca de quem somos ou fazemos vem do Senhor. Ele deve ser a maior
fonte de influência em nossas escolhas.
Diante do grande poder das
palavras, que tal resgatar o silêncio em nossas vidas? A quietude nos ajuda a
discernir as palavras que devem ser ditas, que produzirão o bem para os outros,
e palavras que não merecem ser proferidas. Mas o silêncio também nos ajuda a
ouvir a voz daquele que é justo e verdadeiro, mostrando-nos claramente o que
devemos acolher e o que devemos simplesmente dissipar de tudo quanto ouvimos.
Ricardo Agreste.
Extraído de: www.cristianismohoje.com.br
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