PALAVRAS DE VIDA:

"Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros!." 1 Pedro 4:10

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Os Semeadores do Trigo e os Semeadores do Joio - um atrás do outro.


A palavra de Jesus tem de ser levada a sério. Ele é o Senhor da seara e o Senhor da Igreja. Ele conhece o passado, o presente e o futuro. Conhece a serpente de Gênesis e o dragão de Apocalipse.
 A certa altura de seu ministério terreno, Jesus entrou em um barco à margem do lago da Galileia, sentou-se e contou a parábola do joio. Nessa parábola, ele denuncia o inimigo sem nome que se aproveita do sono daqueles que de dia semearam o trigo. O inimigo semeia no mesmo campo outra semente, a semente do joio, cuja planta não produz nada prestável, senão lenha para o fogo. Por meio desta pequena e simples parábola, Jesus explica como será a história do anúncio do evangelho. Enquanto o tempo da parúsia não chegar, haverá sempre duas semeaduras praticamente simultâneas: a semeadura da boa semente (o trigo) e a semeadura da dúvida, dos equívocos e da confusão (o joio). Jesus queria que todos soubessem disso e interpretassem a história do cristianismo por esse prisma.
 Excelentes semeadores do trigo, a começar por Paulo, espalharam a boa semente em todo o continente europeu -- da Península Ibérica ao mar Cáspio e dos países mediterrâneos aos nórdicos. E se a Europa hoje está cheia de templos cristãos que já não são usados para louvor e adoração, mas para atrair turistas, isso se dá, em última instância, porque excelentes semeadores do joio seguiram o rastro e o itinerário dos semeadores do trigo e depositaram no campo a má semente.
 Os semeadores do trigo são aqueles que pregam o evangelho puro e simples. Aqueles que espalham as boas notícias em torno do nome de Jesus. Aqueles que não escondem nem omitem a eternidade de Jesus (“o Verbo estava no princípio com Deus” e “sem ele nada do que foi feito se fez”), o nascimento virginal de Jesus (“O Verbo se fez carne”), a morte vicária de Jesus (“Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”), a ressurreição de Jesus (“Não era possível que ele fosse retido pela morte”), o triunfo de Jesus (“Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome para que diante dele se dobre todo joelho e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor”) e a volta de Jesus (“Todos verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória”) (Jo 1.1, 29; At 2.24; Fp 2.9-11; Mt 24.30).
Os semeadores do joio são aqueles que negam que Jesus é o Cristo divino (1Jo 2.22). Aqueles que diminuem a glória e o poder do Criador e aumentam a glória e o poder da criatura. Aqueles que tiram Deus do centro e do altar para se colocarem ali. Aqueles que humanizam a pessoa divina e divinizam a pessoa humana. Aqueles que despem o ser humano do seu conteúdo metafísico espiritual e contemplativo e o deixam em um vazio insuportável. Aqueles que cavam cisternas rachadas e enchem de terra os rios de água viva. Aqueles que constroem uma antropologia secular, uma hamartiologia secular, uma cristologia secular, uma soteriologia secular e uma escatologia secular. Aqueles que pregam uma liberdade sem sabedoria, sem virtude e sem Deus. Aqueles que apresentam um Deus sem ira, um homem sem pecado, um reino sem julgamento e um Cristo sem cruz, como denunciou o teólogo H. Richard Niebuhr (1894–1962).
Graças a esses semeadores do joio, o ideal de cristandade que havia predominado na Europa por quase um milênio e meio tem arrefecido. No auge da Revolução Francesa (1789–1799), a Catedral de Notre Dame recebeu um novo nome: Templo da Razão. Pouco tempo depois, em menos de trinta anos, duas biografias de Jesus questionaram o Jesus da Bíblia: em 1835 foi a vez de “Leben Jesu”, do alemão David Strauss 
(1808–1874) e em 1863, de “La vie de Jésus”, do francês Ernest Renan (1823–1892).
 A nota alvissareira é que, no auge dessa confusão, o pouco conhecido semeador do trigo Edward Perronet (morto em 1792) publicou, em abril de 1780, na revista “Gospel Magazine”, o hino talvez mais solene sobre a glória devida a Jesus:

Saudai o nome de Jesus! / Arcanjos, adorai!
Ao rei que se humilhou na cruz / Com glória coroai!

Ó, escolhida geração / De Deus, o eterno Pai,
Ao grande autor da salvação / Com glória coroai!

Remidos todos, com fervor, / Louvores entoai!
Ao que da morte é vencedor / Com glória coroai!

Ó, raças, povos e nações / Ao rei divino honrai!
A quem quebrou os vis grilhões / Com glória coroai! 


Extraído de: www.ultimato.com.br - Edição: 337

Nenhum comentário:

Postar um comentário